Brasil, México e Colômbia poderiam ter rating rebaixado, alerta S&P

O Brasil, junto com o México e a Colômbia, poderia ter sua nota de crédito (rating) sobre a dívida soberana cortado por causa do impacto fiscal do coronavírus (covid-19).

O alerta sobre o risco de rebaixamento do rating brasileiro foi lançado pela agência de classificação de riscos Standard & Poor’s (S&P Global).

O diretor-gerente da S&P, Roberto Sifon-Arevalo, declarou à Reuters que os custos gigantescos que os países devem arcar para manter seus sistemas de saúde, ajudar empresas em dificuldades e auxiliar trabalhadores afetados pelas consequências da pandemia estão provocando alterações profundas e muito negativas sobre as finanças de alguns países do mundo.

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Por isso, nos próximos meses muitas economias, até mesmo as maiores do planeta, poderiam ter o rating de crédito cortado ou colocado sob advertência de rebaixamento. Isso especialmente caso ocorra uma segunda onda global de coronavírus.

Na América Latina, além de México e Brasil a Colômbia está sob pressão. Atualmente Bogotá está no último degrau do grau de investimento segundo a S&P Global, e tem um alerta de que pode ser reduzida à classificação de calote (junk).

Em 2020 a S&P Global já rebaixou o rating ou aplicou uma revisão das perspectivas para cerca de 60 países. Entretanto, apenas poucas eram nações mais ricas que já tinham classificações mais altas.

Alguns desses países acumularam nesse ano um aumento entre 15 e 20 pontos de dívida pública sobre o Produto Interno Bruto (PIB). Porcentagens que, em condições normais, levariam quatro ou cinco anos para serem acumulados.

Além disso, nos próximos 3-5 anos, já estão previstos gastos muito elevados por causa dos efeitos da pandemia. Um conjunto de fatores que poderia provocar uma mudança na avaliação da agência de classificação de risco.

“Você está falando sobre ratings na União Europeia, ou em países altamente desenvolvidos, como o Japão ou o Reino Unido, ou nesta parte do mundo, nos Estados Unidos, que foram capazes de implementar pacotes fiscais e monetários bastante massivos para se defender”, declarou Sifon-Arevalo.

Cerca de 31 países estão atualmente em “perspectiva negativa” por parte da S&P Global, que está reavaliando seus ratings. Isso representa cerca de um quarto de todas as nações avaliadas pela agência de classificação de risco, que, na maioria das vezes, acaba convertendo essas revisões em rebaixamentos.

Fitch e Moody’s também revisaram rating

Além da S&P Global, também outras agências de classificação de risco alertaram nos últimos meses sobre a possibilidade de corte no rating do Brasil.

A vice-presidente e analista sênior do rating do Brasil na Moody’s, Samar Maziad, sinalizou na semana passada que a nota de crédito do País pode mudar se não houver uma manutenção do teto de gastos no próximo ano.

Segundo Maziad, o rating do Brasil é “Ba2“, com perspectiva estável, conforme a revisão realizada em maio, que “incorpora a deterioração [econômica] deste ano, mas também considerada a retomada da consolidação fiscal no ano que vem. Se o apoio a reformas diminuir, haverá impacto negativo em nosso cenário”.

Na análise da agência, uma flexibilização ou abandono do teto de gastos pode iniciar um processo de revisão da nota de crédito. “O teto é a principal âncora fiscal [do Brasil] e um ponto chave para a expectativa do investidores sobre o rumo do endividamento e crescimento do peso da dívida“.

Por sua vez, a Fitch Ratings informou em julho que poderia rever o rating dos países da América Latina, inclusive do Brasil, por causa dos efeitos da pandemia do novo coronavírus.

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Carlo Cauti

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