Bolsa de Valores: empresas brasileiras levantam o maior volume de recursos desde 2010

As empresas brasileiras levantaram um volume de recursos na Bolsa de Valores em 2019 como nunca antes. Enquanto isso, também impulsionadas pela taxa básica de juros (Selic) na mínima histórica, além do avanço das pautas macroeconômicas, o volume de fusões e aquisições caiu.

As companhias brasileiras levantaram aproximadamente U$ 17,1 bilhões (cerca de R$ 70,18 bilhões) em 34 transações nos primeiros nove meses deste ano, quase o triplo de 2018 inteiro. O resultado parcial deste ano já é maior que todos os anos desde 2010. Desconsiderando a capitalização da Petrobras (PETR3; PETR4) em 2007, esse resultado também é maior que aquele ano na Bolsa de Valores.

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Já as fusões e aquisições caíram 20%, chegando a US$ 31 bilhões (R$ 127,22 bilhões) negociados. Isso se deu devido à competição com os mercados de capitais líquidos, oferecendo mais oportunidades às empresas e seus investidores em casos de vendas de ativos. A recuperação lenta da economia nacional também impactou os negócios.

Levantamento de recursos na Bolsa de Valores

No entanto, segundo o presidente da Morgan Stanley no Brasil, Alessandro Zema, o aumento das captações com venda de ações poderá surtir um efeito positivo sobre as futuras aquisições.

“Quando as empresas conseguem captar recursos baratos com dívida ou emitem ações, é natural um posterior aumento das fusões e aquisições como consequência de empresas capitalizadas”, disse Zema.

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Executivos de bancos de investimentos estimam que 2019 termine com aproximadamente 50 ofertas. Além disso, é esperado que as ofertas públicas iniciais de ações (IPOs) também cresçam. Neste ano, quatro companhias realizaram suas ofertas iniciais:

“O ano de 2019 será o de ofertas subsequentes de ações, mas já estou vendo empresas superando a inércia dos IPOs e planejando listagens”, afirmou Fabio Nazari, chefe de renda variável do Banco BTG Pactual (BPAC11). O banco assessorou 21 operações neste ano.

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Tratando-se de fusões e aquisições, principalmente pelo programa de desinvestimento da Petrobras, a maior parte do volume foi relacionado a negócios de infraestrutura e petróleo e gás. O leilão de áreas da cessão onerosa deve colaborara para a impulsão dos investimentos no setor, de acordo com Eduardo Miras, responsável pela área de investimento no Citigroup.

Os dois maiores negócios de 2019, seja em ações ou em fusões e aquisições, foram realizados pela Petrobras: a empresa arrecadou US$ 2,5 bilhões (R$ 10,26 bilhões) com a privatização via oferta de ações da Petrobras Distribuidora (BRDT3) e US$ 8,7 bilhões negociando a empresa de gasodutos TAG para a francesa Engie (EGIE3).

“As privatizações e vendas de ativos por parte do governo brasileiro devem continuar representando grande parte dos negócios, tanto em fusões e aquisições quanto em ofertas de ações”, explicou Roderick Greenlees, chefe internacional da área de banco de investimento do Itaú BBA.

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O ministro da Economia, Paulo Guedes, vem liderando uma grande agenda de privatizações e já superou a meta de vendas para este ano, atingindo US$ 23,5 bilhões (R$ 96,44 bilhões).

Com a Selic na mínima histórica de 5,5% ao ano, investidores brasileiros estão migrando da renda fixa para investimentos com mais risco. A entrada líquida de recursos para fundos multimercado e de ações, através da Bolsa de Valores, este ano, chegou a US$ 21,8 bilhões (R$ 89,47 bilhões) em agosto, já superando todo o ano passado.

Jader Lazarini

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