BlackRock: PNC venderá participação de 22% na gestora

O PNC Financial Services Group, maior acionista da BlackRock, irá zerar sua participação de 22% na gestora. O anúncio foi realizado por meio de um comunicado da holding do setor financeiro na noite da útima segunda-feira (11).

O grupo adquiriu a BlackRock em 1995 por cerca de US$ 240 milhões, mas sua participação foi diminuindo ao longo do tempo. Hoje, a sua fatia equivalente a quase 1/5 de toda a companhia é avaliada em US$ 17 bilhões.

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Dessa forma, o investimento do PNC na gestora foi multiplicado 70 vezes. Esse retorno desconsidera o fluxo constante de dividendos e tarifas auferidas pela BlackRock — inclusive com a captação de uma grande parcela do montante que entra nos fundos negociados em bolsa, os Exchange-Traded Funds (ETF).

A holding informou que poderia começar a vender sua participação nos próximos dias, com a BlackRock sendo uma das possíveis interessadas em recomprar seus papéis. A alienação da participação do PNC inagura uma nova era na BlackRock.

A gestora não é mais de propriedade de vários bancos, não mostra interesse em encontrar outros financiadores e visa tornar-se uma potência do mercado financeiro em Nova York. O acordo, além disso, libera alguns dos encargos regulatórios associados à posição de grandes instituições financeiras na gestora.

Isso fará com que a BlackRock não enfrente restrições levantadas por votos de acionistas representantes de grandes bancos. Também será isenta de encargos regulatórios sobre as participações patrimoniais de fundos de private equity, além de outras categorias de investimentos.

“O longo histórico de forte desempenho e crescimento da BlackRock criou um valor significativo desde que o PNC adquiriu a participação na empresa”, disse William Demchak, CEO do PNC, em comunicado à imprensa. “Como bons administradores de capital acionário, analisamos constantemente as opções para desbloquear o valor de nosso investimento. Sentimos que agora é a hora de fazer exatamente isso.”

BlackRock detém US$ 6,47 trilhões em ativos sob gestão

Com US$ 6,47 trilhões (R$ 38,08 trilhões) sob sua gestão, o crescimento da BlackRock é o exemplo prático de como gestoras de ativos de terceiros ganharam terreno nos últimos anos no lugar de grandes bancos.

Atualmente, a BlackRock atua na gestão de ETFs, privaty equity e renda fixa. Ela controla os votos dos acionistas em nome dos fundos que gerencia. Os ativos da gestora estão diversificados entre Américas (63%), Europa (29%) e Ásia-Pacífico (8%).

No primeiro trimestre deste ano, no entanto, a gestora apresentou uma queda de 23% no lucro trimestral, com os investidores demonstrando sua preferência por serviços de gestão de caixa, ao passo que os custos aumentaram. O lucro líquido foi de US$ 806 milhões, ou US$ 5,15 por ação, frente a US$ 1,05 bilhão, ou US$ 6,61 por ação, no mesmo período de 2019.

Confira: BlackRock prevê mudanças na economia global após a pandemia

As despesas operacionais do grupo subiram 43%, para US$ 3,03 bilhões. Segundo a BlackRock , o movimento dos investidores sacando seus recursos dos fundos em meio à crise da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) foi grande.

O CEO do PNC diz que pretende ter dinheiro em caixa durante a crise desencadeada pela pandemia, o que explica a venda da participação. O executivo afirma que isso pode dar certa flexibilidade para adquirir outras companhias em preços atrativos.

A venda da participação na BlackRock, segundo a holding, aumentará os níveis de capital da instituição e sua capacidade de conseguir lidar com perdas de crédito, de acordo com analistas ligados à companhia.

Jader Lazarini

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