Banco da Inglaterra: mercado aposta no adiamento do Brexit

O Banco da Inglaterra informou que os mercados esperam um adiamento do processo de saída do Reino Unido da UE.

Segundo o presidente do Banco da Inglaterra, Mark Carney, os mercados acham que o Brexit poderá ser adiado. Segundo Carney, a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) não deverá ocorrer no dia 29 de março, assim como previsto. Isso por causa da derrota sofrida na última terça-feira (15) pelo governo no Parlamento britânico, que rejeitou a proposta de acordo.

A Câmara dos Comuns rejeitou por 432 votos contra e 202 a favor, o acordo sobre o Brexit. O documento que disciplinava a saída da UE tinha sido proposto pela primeira-ministra Theresa May. A líder do governo agora tem 48 horas para apresentar uma proposta alternativa ao Legislativo britânico.

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Por causa do voto de ontem, a libra esterlina teve uma cotação turbulenta nas últimas horas. A moeda britânica antes caiu, mas chegou a se revalorizar frente ao dólar e ao euro.

“Houve uma marcada alta da libra depois da votação e o comentário nos mercados públicos, que coincide com nossa própria informação, indica que esse aumento reflete a expectativa de que o processo de resolução se estenderá e que a possibilidade de um Brexit sem acordo pode ter diminuído”, afirmou Carney.

O presidente do banco central britânico falou diante da Comissão do Tesouro dos Comuns. Carney respondeu a perguntas dos deputados sobre os riscos para a estabilidade econômica do Reino Unido. Entre eles, está o Brexit, mas também a desaceleração da economia da China e a guerra comercial entre Pequim e Washington.

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Segundo o presidente do Banco da Inglaterra, os mercados esperam que o parlamento assinale “a direção” que tomará o processo de saída da UE. Carney previu “uma contínua volatilidade” nos próximos meses. Entretanto, o banqueiro central se mostrou confiante sobre o preparo do sistema financeiro britânico. Para ele, a City de Londres resistirá aos diferentes tipos de impacto que podem ocorrer por causa do Brexit. Carney lembrou que os bancos operantes no Reino Unido foram obrigados a separar capital de reserva que poderia “ser liberado para estimular o crédito”.

Cenário dramático

O Banco da Inglaterra chegou a fazer previsões sobre os efeitos de mm Brexit sem acordo e sem período de transição. Segundo a instituição monetária central britânica, uma saída desordenada da UE poderia causar uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) de até 8% até 2023. Algo que provocaria uma recessão na terceira maior economia europeia. Além disso, o Banco da Inglaterra também previu uma desvalorização da libra de até 25%. Sob o perfil da inflação, está previsto um aumento até 6,5%, enquanto o desemprego subiria 7,5% e as taxas de juros chegariam até 5,5%. Esse foi o cenário de impacto mais grave elaborado pelo Banco da Inglaterra em novembro 2018. O mês em que foi elaborado o documento sobre o Brexit, rejeitado por Westminster.

Entretanto, mesmo com o Brexit a vista a economia britânica continua estável, embora desacelerando. O país está em quase pleno emprego e a esterlina não mostrou sinais graves de enfraquecimento nas últimas semanas. Os dados de inflação mais recentes, divulgados nesta quarta-feira (16) pelo Escritório Nacional de Estatísticas, mostraram que o Índice de Preços ao Consumo (IPC) caiu 2,1% em novembro. O nível mais baixo para a inflação do Reino Unido em quase dois anos, frente ao 2,3% do mês anterior.

Carlo Cauti

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