Banco Central vende US$ 25 bi de reservas para conter alta do dólar

O Banco Central (BC) divulgou um balanço nessa quarta-feira (8) que aponta que a instituição vendeu US$ 25,399 bilhões em recursos das reservas internacionais do Brasil, em 2020 para conter a alta da moeda norte-americana.

O montante divulgado pelo Banco Central é referente as operações realizadas até a última sexta-feira (3). Entretanto, o valor já se aproxima do total vendido durante todo ano de 2019, que foi cerca de US$ 15,7 bilhões.

A alta no dólar já se apresenta maior do que em outros países em desenvolvimento.

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Além disso, o BC informou que a saída de moeda norte-americana do país foi maior que a entrada em aproximadamente US$ 11,35 bilhões no primeiro trimestre. Diante disso, a taxa de câmbio apresentou alta.

Por causa dos impactos que o novo coronavírus tem causado na economia, o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, salientou que os investidores estão se afastando de países emergentes. Campos Neto ainda indicou que a saída de dólares desses países está perto de US$ 100 bilhões.

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“No bloco da América Latina, caso típico, a gente uma saída dez vezes maior do que tivemos em 2008. É rápido, um ‘flight to quality’ [fuga para países com economias mais sólidas], de ativos de maior risco para menor risco”, informou o representante do BC.

Além disso, possibilidade de aumentar as vendas de dólar caso seja necessário, não foi descartada. “há uma parte do mercado que advogava programas mais agressivos, com vendas, no câmbio. Sempre entendemos que era importante dar liquidez, não influenciar na trajetória de preço, mas sempre olhando o real em relação o outras moedas” informou Campos Neto e completou “temos um arsenal grande. Entendemos que o real se desvalorizou muito, e pouco mais em relação a outras moedas, e estamos preparados, a qualquer momento, para fazer uma coisa maior, se for necessário, no câmbio.”

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Por fim, ele comentou que “estamos preparados, as reservas são grandes, temos um ‘swap’ que foi feito [de US$ 60 bilhões com o Federal Reserve BC dos EUA]. Entendemos que as intervenções tem sido feitas de forma apropriada. Podemos, a qualquer momento, atuar de forma mais forte do que temos atuado até então”.

Banco Central realiza leilão de linha para conter alta do dólar

No último dia 12 o Banco Central anunciou que faria um leilão de linha de até US$ 2 bilhões com o objetivo de de baixar o valor do câmbio da moeda norte-americana.

O leilão de linha é um mecanismo que a autoridade monetária central pode adotar para interferir no mercado de câmbio brasileiro. Isso pois as extremas altas assim como as extremas baixas do dólar podem afetar negativamente a economia brasileira.

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Esse mecanismo é uma operação cambial que o corre quando o Banco Central entende que o melhor é injetar dólares no mercado. Uma operação realizada principalmente quando há escassez da moeda, pois a falta tende a elevar o cambio drasticamente.

Além disso, até o dia 27 de março, o BC  havia perdido R$ 22,980 bilhões em operações de swaps cambiais.

Com esses contratos, o Banco Central pode oferecer mais proteção ao mercado em ambientes de alta volatilidade no câmbio. Entretanto, o BC ganha quando o real valoriza mas perde quando o dólar sobe em relação a moeda brasileira.

Laura Moutinho

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