Banco Central corta Selic em 0,75 ponto para 3% ao ano

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu cortar a taxa básica de juros (Selic) em 0,75%. Com o novo corte a taxa caiu para 3% ao ano, uma nova mínima histórica.

A decisão de cortar a Selic foi tomada pela unanimidade dos membros do Copom. Segundo o comunicado divulgado pelo BC, “o Comitê entende que, neste momento, a conjuntura econômica prescreve estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reforça que há potenciais limitações para o grau de ajuste adicional”.

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O Banco Central também deu indicação sobre o futuro da política monetária, salientando como “o Comitê avalia que a trajetória fiscal ao longo do próximo ano, assim como a percepção sobre sua sustentabilidade, serão decisivas para determinar o prolongamento do estímulo”.

Esse corte era esperado pelo mercado. Na última segunda-feira (4), os especialistas do mercado financeiro, responsáveis pela elaboração do Boletim Focus, cortaram a previsão da Selic de 2020 para 2,75%. Na semana passada a previsão era de 3%.

Entretanto, nessa reunião do Copom, os analistas aguardavam um corte meno agressivo, de 0,50 pontos, levando a taxa básica de juros para 3,25% ao ano. A decisão do BC, todavia, ocorre em um contexto de forte contração do nível de atividade econômica global provocada pela pandemia de coronavírus (covid-19).

Esse desaquecimento da economia gerou uma redução dos índices de inflação, o que deu uma maior margem de manobra para os Bancos Centrais cortarem as taxas de juros. Em março, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de apenas 0,07%. A menor taxa para o terceiro mês do ano desde 1995.

Também por isso, a expectativa pelo IPCA para 2020, de acordo com o Boletim Focus, foi cortada pela oitava semana consecutiva. Segundo os especialistas ouvidos pela autoridade monetária central do Brasil, a inflação de 2020 será de 1,97%. Na última semana, a estimativa era de 2,20%.

Sendo assim, o aumento dos preços permanece abaixo da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para este ano, de 4%. A meta tem uma tolerância de 1,5 ponto percentual, podendo ir de 2,5% até 5,5%.

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Em relação a 2021, os economistas ouvidos pelo BC esperam uma inflação de 3,30%, a mesma previsão divulgada na semana passada, após seis cortes consecutivos. Há seis semanas, a estimativa era de 3,40%.

Banco Central explica razão do corte da Selic

Segundo o Banco Central, o corte da Selic foi provocado pelo cenário externo, “onde a pandemia da Covid-19 está provocando uma desaceleração significativa do crescimento global, queda nos preços das commodities e aumento da volatilidade nos preços de ativos. Nesse contexto, apesar da provisão adicional de estímulos fiscal e monetário pelas principais economias, e de alguma moderação na volatilidade dos ativos financeiros, o ambiente para as economias emergentes segue desafiador, com saída de capitais significativamente superior à de episódios anteriores”.

Além disso, a instituição monetária central está preocupada com a atividade econômica brasileira, pois os dados mensais disponíveis até o mês de março repercutem apenas parcialmente os efeitos da pandemia da Covid-19 sobre a economia nacional. Indicadores de maior frequência e tempestividade, referentes ao mês de abril, mostram que a contração da atividade econômica será significativamente superior à prevista na última reunião do Copom.

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No caso de um eventual risco de aumento da inflação provocado pelo corte, o Comitê “avalia que diversas medidas de inflação subjacente se encontram abaixo dos níveis compatíveis com o cumprimento da meta para a inflação no horizonte relevante para a política monetária”.

Corte será positivo para retomada econômica

O corte da Selic poderá gerar efeitos positivos, contribuindo para a retomada da economia brasileira, que esse ano deverá sofrer uma recessão gerada pelo coronavírus.

Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deverá se reduzir em mais de 5% em 2020. Os economistas do Boletim Focus, por sua vez, aguardam uma contração de somente 3,7% no ano.

Carlo Cauti

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