Banco Central corta taxa de juros em 0,75% e Selic vai para 2,25%

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu em de foma unânime cortar a taxa básica de juros (Selic) em 0,75%. Com o novo corte desta quarta-feira (17) a taxa caiu para 2,25% ao ano, uma nova mínima histórica.

Esse corte era esperado pelo mercado. Na última segunda-feira (15), os especialistas do mercado financeiro, responsáveis pela elaboração do Boletim Focus, confirmam sua previsão para a Selic em 2,25% até o final do ano.

A decisão do Banco Central foi tomada em um momento de forte contração do nível de atividade da economia no Brasil e no mundo, provocada pela pandemia do novo coronavirus (covid-19). O corte da taxa de juros aumenta a liquidez nos mercados para tentar sustentar a demanda e limitar a queda no Produto Interno Bruto (PIB).

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Segundo o Ministério da Economia, o PIB de 2020 deverá cair de 4,7%. Todavia, os principais economistas do mercado financeiro indicam uma queda de 6,5% no ano.

Segundo o Banco Central, “no cenário externo, a pandemia da Covid-19 continua provocando uma desaceleração pronunciada do crescimento global. Nesse contexto, apesar da provisão significativa de estímulos fiscal e monetário pelas principais economias e de alguma moderação na volatilidade dos ativos financeiros, o ambiente para as economias emergentes segue desafiador”.

“Em relação à atividade econômica, a divulgação do PIB do primeiro trimestre confirmou a sua maior queda desde 2015, refletindo os efeitos iniciais da pandemia. Indicadores recentes sugerem que a contração da atividade econômica no segundo trimestre será ainda maior. Prospectivamente, a incerteza permanece acima da usual sobre o ritmo de recuperação da economia ao longo do segundo semestre deste ano”, explicou o BC.

Inflação baixa permitiu corte da Selic

No documento que acompanhou a decisão, o Copom salientou como inflação esteja abaixo da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

A previsão de inflação, por sua vez, também permanece baixa, por causa da forte redução da atividade econômica. No mês passado, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – a inflação oficial brasileira – registrou uma deflação de 0,38%. Maio foi o segundo mês consecutivo de contração nos preços, alcançando o menor índice desde agosto de 1998.

A previsão para o IPCA em 2020 é de 1,60% neste ano. Uma porcentagem abaixo do piso da meta de 4%, que prevê uma oscilação de 1,5% para mais ou para menos, podendo chegar entre 2,5% para 5,5%.

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Quando a meta é descumprida, o presidente do Banco Central deve escrever uma carta ao Ministro da Economia explicando as razões.

As expectativas de inflação para 2020, 2021 e 2022 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 1,6%, 3,0% e 3,5%, respectivamente.

Entretanto, o Copom alertou para alguns fatores de risco. “Por um lado, o nível de ociosidade pode produzir trajetória de inflação abaixo do esperado. Esse risco se intensifica caso a pandemia se prolongue e provoque aumentos de incerteza e de poupança precaucional e, consequentemente, uma redução da demanda agregada com magnitude ou duração ainda maiores do que as estimadas”, salientou o Comitê, “Por outro lado, políticas fiscais de resposta à pandemia que piorem a trajetória fiscal do país de forma prolongada, ou frustrações em relação à continuidade das reformas, podem elevar os prêmios de risco. Adicionalmente, os diversos programas de estímulo creditício e de recomposição de renda, implementados no combate à pandemia, podem fazer com que a redução da demanda agregada seja menor do que a estimada, adicionando uma assimetria ao balanço de riscos. Esse conjunto de fatores implica, potencialmente, uma trajetória para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária”.

O Copom avaliou que o governo deve perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira. Algo que o Comitê considera essencial para permitir a recuperação sustentável da economia.

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O Copom considerou que, neste momento, “a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reconhece que o espaço remanescente para utilização da política monetária é incerto e deve ser pequeno. O Comitê avalia que a trajetória fiscal ao longo do próximo ano, assim como a percepção sobre sua sustentabilidade, são decisivas para determinar o prolongamento do estímulo”.

Dessa forma, o Comitê indicou como “residual” um novo corte da Selic, mas sem excluir essa possibilidade. “Neste momento, o Comitê considera que a magnitude do estímulo monetário já implementado parece compatível com os impactos econômicos da pandemia da Covid-19. Para as próximas reuniões, o Comitê vê como apropriado avaliar os impactos da pandemia e do conjunto de medidas de incentivo ao crédito e recomposição de renda, e antevê que um eventual ajuste futuro no atual grau de estímulo monetário será residual. No entanto, o Copom segue atento a revisões do cenário econômico e de expectativas de inflação para o horizonte relevante de política monetária”, salientou o órgão.

Carlo Cauti

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