Avianca cancela 422 voos neste fim de semana

A Avianca cancelou 422 voos neste fim de semana em todo o Brasil. Segundo o site da empresa, outros 406 voos serão cancelados entre a próxima segunda-feira (13) e terça-feira (14).

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A companhia aérea, atualmente em recuperação judicial, cancelou sistematicamente a maioria de seus voos desde a metade de abril. Neste fim de semana, o aeroporto mais afetado pelos cancelamentos da Avianca foi Guarulhos (SP), com 119 chegadas e 119 decolagens que não ocorreram. Seguiram os aeroportos de Brasília e Salvador (BA).

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Entre os aeroportos onde houve cancelamentos estão:

  • Aracaju (SE),
  • Belém (AP),
  • Campo Grande (MS),
  • Chapecó (SC),
  • Confins (MG),
  • Congonhas (SP),
  • Cuiabá (MT),
  • Curitiba (PR),
  • Florianópolis (SC),
  • Fortaleza (CE),
  • Foz do Iguaçu (PR),
  • Galeão (RJ),
  • Goiânia (GO),
  • João Pessoa (PB),
  • Juazeiro do Norte (CE),
  • Maceió (AL),
  • Natal (RN),
  • Navegantes (SC),
  • Petrolina (PE),
  • Porto Alegre (RS),
  • Recife (PE),
  • Santos Dumont (RJ),
  • Vitória (ES).

O Ministério Público Federal (MPF) já solicitou informações à Avianca e à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Os procuradores querem saber quais foram as providências que foram tomadas para minimizar os prejuízos causados aos passageiros da companhia aérea por causa desses cancelamentos.

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Entenda a crise da Avianca

A Avianca é a quarta maior companhia aérea do Brasil e está em recuperação judicial desde dezembro 2018. O pedido foi registrado na 1ª Vara Empresarial de São Paulo em 10 de dezembro, após crescentes prejuízos e atrasos em pagamentos de arrendamento de aeronaves.

A companhia aérea controla 13% do mercado nacional e registrou um crescimento forte nos últimos anos.

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Os cancelamentos nos voos são um reflexo da entrega dos aviões às empresas de leasing. A frota da companhia aérea já chegou a 40 aeronaves em 2018.

Por causa da falta de pagamento, os credores apresentaram recursos para a Anac. A agência recebeu pedidos por retirar as aeronaves operadas pela empresa do Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB).

Em caso de calote, as empresas donas das aeronaves podem pedir o cancelamento das matrículas dos aviões. Isso porque a falta de pagamento por parte da Avianca seria um descumprimento da Convenção da Cidade do Cabo. No começo de Janeiro, a Anac anunciou o cancelamento de dez matrículas de aviões operados pela Avianca após pedido da GE Capital Aviation Services (Gecas), dona das aeronaves. A Gecas pedia para suspender o registro de dez aeronaves Airbus A320 usadas pela Avianca Brasil em operação de voos. A Gecas é uma empresa de leasing dona das aeronaves, com a qual a companhia aérea tinha um contrato para os 10 aviões.

Saiba mais: Avianca passará a operar em apenas quatro aeroportos

Além da perda de aeronaves por conta da inadimplência, a Avianca também deixou de pagar seus funcionários. Antes da crise, a empresa possuía 5,3 mil funcionários, deles 617 eram pilotos e 1,1 mil comissários.

Por conta da situação financeira da empresa, a Infraero e outras administradoras passaram a exigir o pagamento antecipado das tarifas aeroportuárias.

 

Saiba mais: Avianca pode perder aviões se não alcançar acordo 

Possível Venda da Avianca

Em 13 de dezembro de 2018, 0 ex-presidente da República Michel Temer assinou a Medida Provisória que permite as empresas estrangeiras a deter 100% do capital de companhias aéreas brasileiras. Portanto, a possibilidade de que tais empresas adquiram a Avianca existe, apesar da recuperação judicial. Caso a venda da companhia aérea se concretizasse, a empresa compradora estaria obtendo apenas a “parte boa”, o que exclui as dívidas.

Saiba mais: Latam entra na Justiça contra recuperação judicial da Avianca 

Proposta da Azul

Em 11 de março, a Azul teria assinado uma proposta não-vinculante para a aquisição de parte dos ativos da Avianca através de uma Unidade Produtiva Isolada (UPI).

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O valor total da operação seria de US$ 105 milhões. A proposta foi exposta em um plano de recuperação judicial da Avianca, e a UPI teria:

  • certificado de operador aéreo;
  • 70 pares de direitos de pousos e decolagens (“slots”);
  • aproximadamente 30 aeronaves Airbus A320.

Os slots seriam nos aeroportos nos aeroportos de CongonhasGuarulhos (São Paulo) e Santos Dumont (Rio de Janeiro). Alguns dos aeroportos mais importantes do Brasil.

Saiba mais – Azul pode mais que dobrar presença em Congonhas; ações disparam

Em 4 de março, a Gol e a Latam entraram na disputa para adquirir partes da Avianca. No plano de recuperação judicial alternativo àquele proposto pela Gol, havia a criação de sete UPIs. Seis unidades conterão apenas “slots” dos aeroportos de Congonhas, Guarulhos e Galeão, e uma unidade englobará os ativos do programa de fidelidade Amigo.

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A Gol informou em nota seu interesse na compra de ativos da concorrente.  A companhia aérea teria assinado um acordo vinculante com o fundo ativista Elliott Management, para entrar na disputa. Em tal acordo, haveria compra pela companhia aérea de US$ 5 milhões em empréstimos, feitos pelo fundo, à Avianca.

Conforme o acordo assinado com o fundo de hedge, a Gol faria a oferta pela UPI A, que reúne:

  • 10 slots em Congonhas;
  • 10 em Guarulhos;
  • e 6 em Santos Dumont.

Por sua vez, a Latam faria proposta pela UPI B, que possui:

  • 13 slots em Guarulhos;
  • 8 em Congonhas;
  • e 4 em Santos Dumont.

O presidente-executivo da Latam, Jerome Cadier, confirmou a intenção de comprar uma parte da Avianca por ao menos US$ 70 milhões (R$ 268 milhões).

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Plano proposto pela Gol, Latam e Elliott vence

Na Assembleia de credores da Avianca, ocorrida em 5 de março, o plano de recuperação judicial foi aquele da Gol, em conjunto com a Latam e o Elliott.

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Entre os presentes na assembleia, 80% concordaram com os termos de criação de sete UPIs, a serem leiloadas e marcaram o leilão para o dia 7 de maio.

Saiba mais – Avianca: assembleia de credores tem debate entre Azul e Elliott

Azul desiste de compra da Avianca

No dia 18 de abril a Azul anunciou que retirou a oferta feita para a compra de parte das operações da Avianca.

A companhia aérea acusou as rivais do setor, Gol e Latam, de agirem para evitar a concorrência na ponte aérea São Paulo-Rio de Janeiro.

O presidente-executivo da Azul, John Rodgerson, fez o anúncio no Palácio dos Bandeirantes. Para o presidente, a atuação das empresas teve caráter protecionista.

“A nossa participação no leilão é pouco provável e a chance de sua realização fica cada vez menor com a retomada de aeronaves [por parte dos arrendadores dos jatos]”, disse Rodgerson comentando o caso da Avianca.

Entretanto, a Azul acabou se credenciando para participar do leilão, no começo de maio.

Leilão suspenso

No dia 6 de maio o leilão da Avianca foi suspenso pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). O edital tinha sido publicado no dia 16 de abril no Diário Oficial de São Paulo.

Saiba mais: Leilão da Avianca é suspenso por decisão judicial 

O pedido para cancelar o leilão da Avianca foi apresentado pela credora Swissport, que mira a anulação do plano de recuperação judicial aprovado pela assembleia de credores. Além disso, a Swissport questiona a legalidade de leiloar slots. A Anac também se disse contrária a venda dos direitos de pousos e aterrissagem.

Carlo Cauti

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