Aumenta risco de recessão após inversão da curva de rendimentos nos EUA

Os mercados estão preocupados com uma possível recessão no futuro. Pela primeira vez, desde 2007, a curva de rendimento dos títulos do tesouro dos Estados Unidos da América (Treasury) foi negativo. O diferencial entre o rendimento dos títulos com vencimento em 3 meses e 10 anos desapareceu.

A curva dos rendimentos (yield curve) dos Treasury dos EUA, basicamente, se inverteu. Os títulos com vencimento trimestral começaram a render 2,467% contra o 2,444% dos títulos com vencimento em 10 anos. Algo que não ocorria desde o começo da grande crise mundial de 2007-2008.

Geralmente essa inversão é sintoma de péssimas notícias para os mercados financeiros e para a economia. Mesmo se os analistas comparam mais os rendimentos dos títulos, que vencem em 2 anos, com aqueles com vencimento em 10 anos. Isso porque os títulos com vencimento trimestral tendem a ser mais voláteis.

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Mercados preocupados com a indústria

As bolsas europeias começaram o dia em alta, comemorando a notícia que a União Europeia (UE) concedeu mais tempo para o Reino Unido para definir sua saída do bloco. O adiamento do Brexit para a metade de maio, ao invés do dia 29 de março, tinha dado esperança para os operadores econômicos.

Entretanto, os indicadores passaram no vermelho na metade do dia, após o anúncio que a atividade da manufatura em março, medida pelo Ihs Markit, caiu para seu nível mínimo dos últimos seis anos, em 47,6 pontos. Uma queda que foi influenciada pela redução da atividade industrial alemã e francesa.

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Indústria alemã se contrai

Pelo terceiro mês consecutivo a indústria da Alemanha se contraiu. Em março a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) registrou uma redução da produção industrial alemã.

O PMI acabou caiu para 51,5 em março. O nível mais baixo desde junho de 2013. Uma contração que aumenta os temores de que disputas comerciais não resolvidas acabem gerando uma desaceleração na maior economia da Europa.

Por sua vez, o PMI da indústria caiu a 44,7 pontos. Permanecendo pelo terceiro mês seguido abaixo da marca de 50 que separa crescimento de contração.

Além disso, a expansão de serviços desacelerou a 54,9, depois de se recuperar para 55,3 em fevereiro.

A Alemanha registrou nove anos seguidos de crescimento, mas agora parece sofrer pelos atritos comerciais entre Estados Unidos, China e União Europeia. Além disso, o enfraquecimento da atividade econômica na zona do euro, primeiro mercado para as exportações alemães, também contribuiu para esse resultado negativo. Todos indícios que poderiam sinalizar a chegada de uma nova recessão.

Carlo Cauti

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