Ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Queiroz falta a novo depoimento

Fabrício Queiroz, policial militar e ex-assessor do senador eleitor Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), faltou nesta sexta (21) mais uma vez ao depoimento que daria ao Ministério Público do Rio de Janeiro. Ele foi chamado a explicar a movimentação atípica de R$ 1,2 milhão em sua conta bancária.

Conforme informado pela Promotoria, a defesa de Fabrício Queiroz disse que ele “precisou ser internado na data de hoje, para realização de um procedimento invasivo com anestesia, o que será devidamente comprovado, posteriormente, através dos respectivos laudos médicos”.

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O MP-RJ disse que vai sugerir ao presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), André Ceciliano (PT), o comparecimento de Flávio Bolsonaro em 10 de janeiro para esclarecer o caso. Familiares de Queiroz e outros assessores de Bolsonaro, envolvidos no caso e citados no relatório do Coaf, foram chamados para depor no dia 8.

Fabrício Queiroz, Flávio Bolsonaro e o Coaf: entenda o caso

O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras, órgão administrativo do Ministério da Fazenda que examina ocorrências suspeitas de lavagem de dinheiro) apurou movimentação de R$ 1.236.838 entre 1º de janeiro de 2016 e 31 de janeiro de 2017 na conta de Queiroz, que na época recebia R$ 23 mil. Michelle Bolsonaro, mulher do presidente eleito Jair Bolsonaro, foi mencionada como favorecida do ex-assessor no relatório.

Michelle, que no período era secretária parlamentar de Jair Bolsonaro, recebeu de Queiroz um cheque de R$ 24 mil. O presidente eleito justificou no último sábado (08) que o cheque era pagamento de um empréstimo antigo feito ao ex-motorista do filho.

O depósito feito na conta de sua esposa devia-se ao fato de Jair não possuir o hábito de ir ao banco.

O relatório do Coaf apontou operações atípicas nas contas de 74 servidores e ex-servidores. 10 deputados foram presos no início de dezembro no Rio de Janeiro, na Operação Furna da Onça, desdobramento da Lava Jato.

Movimentações do ex-assessor de Flávio Bolsonaro

Confira abaixo as suspeitas levantadas pelo Coaf:

  • R$ 324.774 em saques em espécie
  • R$ 41.930 em cheques compensados

Em apuração do RJ2 foram reveladas movimentações milionárias de pessoas que trabalham ou trabalharam em 22 gabinetes de deputados que passaram pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).

Alguns dos deputados não foram alvo da operação Furna da Onça.

Tais transações ocorreram no mesmo período da movimentação atípica de Flávio Queiroz. O total dessas operações chega a cerca de R$ 207 milhões.

Assim, mais suspeitas envolvem o ex-assessor: saques em dinheiro que somam R$ 324 mil no intervalo de um ano. E, deste valor, R$ 159 mil foram sacados numa agência bancária no prédio da Alerj.

De acordo com o jornalista Lauro Jardim, dentre os familiares de Queiroz que também trabalharam com Flávio Bolsonaro e receberam menção no relatório do COAF estão:

  • Nathalia Melo de Queiroz, a mulher de Fabrício. Trabalhou com o filho do presidente eleito entre 2007 e 2016. Após ser exonerada, tornou-se secretária parlamentar de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados
  • Márcia Oliveira de Aguiar, filha do ex-motorista
  • Evelyn Mello de Queiroz, outra filha do ex-assessor

Ainda de acordo com os dados levantados pelo COAF, grande parte dos depósitos em espécia na conta de Queiroz é paralela às datas de pagamento na Alerj.

Foram identificadas transferências de nove ex-assessores para a conta do ex-motorista do presidente eleito.

Guilherme Caetano

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