Argentina: presidente do Banco Central diz que “é possível” um default

O presidente do Banco Central (BC) da Argentina declarou nesta quinta-feira (20) que “é possível” a suspensão dos pagamentos da dívida externa. Miguel Pesce, no entanto, salientou que há “poucas possibilidades” que isso ocorra.

O presidente da autoridade monetária central argentina se referiu à tentativa de renegociação do debito de US$ 100 bilhões (cerca de R$ 435 bilhões).

O governo do presidente Aberto Fernández recebeu suporte do Fundo Monetário Internacional (FMI) na negociação com os credores. A organização internacional informou que a operação deve proporcionar uma “contribuição apreciável” por parte dos detentores de bônus da dívida.

“Estamos em uma negociação, o governo vai fazer uma oferta, e essa oferta pode ser aceita ou rejeitada. Mas o governo não vai aceitar nenhum tipo de proposta que não seja sustentável no curto prazo e no longo prazo”, declarou Pesce, em entrevista à rádio La Red de Buenos Aires.

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Os funcionários do FMI concordam com o ministro da Economia argentino, Martín Gusmán, sobre o fato que a dívida atual “não é sustentável”. A organização ainda fez um apelo aos credores privados para um “significativo” corte da dívida. O ministro marcou a data limite para a reestruturação para o dia 31 de março.

A situação da dívida argentina

A Argentina contraiu uma dívida de US$ 44 bilhões (cerca de R$ 190,46 bilhões), durante o governo de Mauricio Macri, cuja restituição começaria a partir deste ano.

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A Argentina não tem como quitar o debito. A nação enfrenta uma longa e dura crise. Possui uma das inflações mais altas do planeta, a segunda maior da América Latina, somente atrás da Venezuela.

O governo “vai fazer uma oferta consistente e há altas probabilidades de que os credores a aceitem, mas não depende do governo, mas da vontade de terceiros. Alguma probabilidade de que a oferta seja rejeitada existe. Esperamos que isso não ocorra”, informou Pesce.

Os rumos da Argentina devem ser discutidos em uma reunião para ministros das finanças e presidentes de bancos centrais do G-20, na Arábia Saudita. A negociação deverá acontecer no fim de semana com Guzmán, e com a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva. 

“Entendemos a necessidade de analisar cuidadosamente o ônus da dívida. É trabalho do governo, não do FMI”, afirmou a diretora quando questionada sobre a “profunda reestruturação da dívida” argentina.

Arthur Guimarães

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