Argentina: Fernández diz que dívidas com o FMI são difíceis de cumprir

O candidato à presidência, Alberto Fernández, afirmou nesta segunda-feira (19), que o acordo firmado pelo atual presidente da Argentina, Maurício Macri, para o acerto de dívidas com o Fundo Monetário Internacional (FMI), é “difícil de cumprir.”

Segundo Fernandéz, que venceu nas prévias eleitorais da Argentina, Macri necessita renegociar com a instituição os adiantamentos dos pagamentos previstos para os anos seguintes.

Ao jornal “La nación”, o candidato de esquerda disse que a renegociação da dívida de US$ 57 bilhões “é a única solução”.

“Para mim, o Mercosul é um lugar central. E o Brasil é o nosso principal parceiro e vai continuar a ser. Se Bolsonaro pensa que vou fechar a economia, que fique tranquilo, porque não vou. É uma discussão tonta”, disse Fernandéz tentando acalmar as possíveis tensões com o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.

Em relação ao Mercosul, Alberto Fernández disse: “Meu problema não é que a economia se abra. Meu problema é que essa abertura cause danos aos argentinos”, salientou o candidato ponderando que os acordos comerciais necessitam considerar os interesses nacionais.

Argentina é uma bomba relógio para o mercado

O resultado das eleições primárias na Argentina causou turbulência nos mercados globais na última semana. O presidente Mauricio Macri sofreu uma forte derrota para a chapa encabeçada por Alberto Fernández, que traz como candidata a vice-presidente e ex-mandatária Cristina Kirchner. A esquerda argentina se tornou assim favorita para as eleições presidenciais que acontecerão em outubro.

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Fernández conseguiu 47,36% dos votos, enquanto o atual mandatário da Argentina obteve apenas 32,23%. Uma distância que não foi prevista em nenhuma pesquisa anterior e gerou pânico nos mercados.

Esse possível cenário eleitoral poderia levar novamente ao país vizinho a política econômica populista dos anos 2003 – 2015. Para Edson Capoano, doutor em estudos latino-americanos pela Universidade de São Paulo (USP), o mercado enxerga, por essa razão, um risco na mudança do governo argentino. “Aumentando os gastos sociais para ter apoio popular, a Argentina voltaria a ser uma bomba relógio, uma nação cada vez mais endividada, de novo a beira de uma moratória, que é o que acontece a cada 10 anos com o país sul-americano”, explicou Capoano a SUNO Research.

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Para o especialista em estudos da América Latina, a Argentina é um mercado regional importante, e por isso sua desestabilização política e econômica teria consequências não somente regionais mas também globais. “Quem tem dinheiro investido globalmente tende a retirar o capital dos mercados emergentes quando vê que esses mercados regionais estão desestabilizados, e ai o Brasil pode sofrer um pouco com essa crise Argentina, tendo menos investimento estrangeiro”, salientou Capoano.

Rafael Lara

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