Ambev (ABEV3): mesmo com alta nos volumes de cerveja, ação cai 3,6%

As ações da Ambev (ABEV3) operam em forte queda nesta quinta-feira (29), mesmo após reportar um crescimento nos volumes de cerveja no terceiro trimestre. Segundo o balanço divulgado nesta manhã, as vendas de cervejas no Brasil cresceram 25,4% em comparação ao mesmo período do ano passado. O mercado, todavia, penaliza os papéis com uma queda de 3,66%, a R$ 12,88, por volta das 11h50.

De forma consolidada, contemplando todos os países em que a Ambev atua, os volumes cresceram 12%, totalizando 42,4 milhões de hectolitros no terceiro trimestre. Resultado equivale a uma alta de 12,1% sobre o apresentado no terceiro trimestre de 2019.

Os subsídios financeiros do governo foram fundamentais no período entre julho e setembro para sustentar o poder de compra dos consumidores. De acordo com a gigante do setor de bebidas, o número total de compradores de cerveja já voltou aos patamares pré-coronavírus. Além disso, embora a receita líquida por hectolitro tenha crescido 16,33%, para R$ 368,20, o custo dos produtos vendidos (CPV) por hectolitro avançou 26,58%, para R$ 175,20.

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Dessa forma, o mercado pode estar receoso quanto à recorrência desse nível de volumes da Ambev, uma vez que foi influenciado positivamente por efeitos não recorrentes.

Em relatório, o BTG Pactual (BPAC11) disse que a Ambev apresentou uma forte execução de seus planos e teve flexibilidade para se adaptar às novas tendências do mercado em que atua. No entanto, a feroz disputa de concorrentes e fatores temporários, como o aumento de renda promovida pelo Estado, além da inflação observada sobre os alimentos, fazem com que o banco de investimento mantenha um pé atrás com as ações.

Para os analistas Thiago Duarte e Henrique Brustolin, tais situações farão com que a Ambev tenda a voltar a contar com suas principais marcas, que mais uma vez apresentaram resultados inferiores às estimativas.

A “nova mentalidade” da Ambev, centrada no consumidor, continuará a reduzir as margens para evitar a perda de market share, disseram os analistas. Por conta disso, o BTG levanta o questionamento se a recuperação nos volumes e na participação de mercado permanecerão ou serão puramente temporários. A instituição permanece com a recomendação neutra para os papéis, com preço-alvo de R$ 13.

As ações da Ambev “andam de lado” há algum tempo. Nos últimos cinco anos, o preço dos papéis atingiu a máxima em março de 2018, na casa dos R$ 24, quando a rentabilidade da companhia estava em um dos maiores patamares de sua história. Desde então, o valor de mercado da companhia caiu quase pela metade — neste ano, as ações operam em queda de 33%.

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Jader Lazarini

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