Mulheres na Bolsa: confira 3 ações de empresas lideradas por brasileiras

Apesar da representatividade feminina na liderança empresarial ainda ser pequena, as mulheres brasileiras estão ganhando cada vez mais espaço no mercado de trabalho.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres passaram de uma representação de somente 16,5% do mercado formal de trabalho brasileiro em 1960, para 44% em 2016.

Uma pesquisa da Page Executive mostrou como avanço é ainda mais nítido no mundo executivo. Para a consultoria, em 2018 a população feminina já ocupava 16% dos cargos de liderança nas empresas do País.

Poucas mulheres na liderança

Segundo a economista e analista da Suno Research, Gabriela Mosmann, as mulheres ocupam menos espaço em cargos de liderança por questões históricas e culturais.

“No passado, as mulheres acabavam ficando mais em casa, cuidando dos filhos, e não se desenvolviam profissionalmente. Estamos realizando um percurso de mudança, mas é um processo que demora tempo”, explicou Mosmann.

Para a professora de finanças da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), Virgínia Prestes, fatores culturais também influenciam o menor número de mulheres em cargos de chefia.

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No entanto, Prestes ressaltou que os dados IBGE mostram como as mulheres possuem um maior índice de escolaridade do que os homens, mas mesmo assim acabam recebendo salários inferiores.

“Nós sabemos, por dados, que as mulheres estudam mais do que os homens. Mas, ao mesmo tempo, existem dados que mostram como elas ganhem e atuem menos na parte executiva das grandes empresas”, afirmou Prestes, em entrevista para a Suno Research.

Mosmann e Prestes concordam que a pausa na carreira das mulheres para a gravidez, assim como a dificuldade em voltar ao mercado de trabalho após esse intervalo, também contribuem para reiterar essa desigualdade.

Entretanto, é importante saber quais empresas atualmente cotadas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) têm uma liderança feminina. Entre elas estão:

Ambev: Patricia Capel, Paula Lindenberg e Letícia Kina

A Ambev surgiu em 1999 com a união entre Cervejaria Brahma e a Companhia Antarctica. A gigante das bebidas faz parte do grupo internacional Anheuser-Busch Inbev, conhecida como AB Inbev.

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Entre as marcas de bebidas controladas pela Ambev estão:

  • Budweiser
  • Stella Artois
  • Skol
  • Brahma
  • Hoegaarden

Na liderança de uma das maiores marcas de bebidas do mundo, está a brasileira Patrícia Capel. A administradora de empresas, graduada na FEA-USP, é presidente da AB Inbev no Chile, na Bolívia e no Paraguai.

A CEO contribuiu para a criação do programa global de diversidade. Por meio desse projeto, Capel debate com lideranças de todos os mercados sobre a necessidade de formar equipes com pessoas de diferentes perfis.

Capel não é a única brasileira em um cargo de liderança do grupo. A administradora Paula Lindenberg, graduada na Fundação Getúlio Vargas (FGV), foi vice-presidente de marketing da Ambev por três anos. Atualmente, Lindenberg é presidente da Budweiser no Reino Unido.

Além das duas, há também Leticia Kina. A advogada é vice-presidente da área jurídica da Ambev. Kina já liderou equipes com mais de 200 pessoas e atuou também nas áreas financeira e de serviços compartilhados.

As três brasileiras nesses cargos de chefia mostram como o mercado de trabalho mundial está mudando. E, também, como a representatividade feminina está ganhando espaço.

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A Ambev é uma empresa cotada no Ibovespa, sob o ticket ABEV3. As ações ordinárias da empresa encerraram o pregão dessa quinta-feira (5) em queda de -0,59%. Os papéis estão negociados a R$ 18,69.

Magazine Luiza: Luiza Helena Trajano

A rede Magazine Luiza surgiu na cidade de Franca, interior de São Paulo. No dia 16 de novembro de 1957, o casal Luiza Trajano e Pelegrino José Donato inauguraram uma loja chamada “A Cristaleira”, que mais tarde mudaria de nome e se tornaria uma das maiores varejistas do País.

Saiba mais: Magazine Luiza chega a milésima loja e reforça estratégia

Ao longo dos anos, novos sócios foram se unindo ao grupo, inclusive Luiza Helena Trajano, sobrinha de Luiza Trajano, que assumiu o comando da rede em 1991.

A rede varejista conheceu uma expansão acelerada ao longo dos anos, se tornando uma das maiores empresas do setor no Brasil. Por isso, a  empresária foi eleita para presidir o Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV) em 2009. A instituição reúne os empresários das maiores companhias de varejo do Brasil.

Entre os feitos da executiva está a proposta apresentada ao governo do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva para a redução do Imposto de Produtos Industrializados (IPI) sobre produtos conhecidos como “linha branca” (geladeiras, fogões e máquinas de lavar). A medida acabou sendo aceita pelo governo, aprovada pelo Congresso e foi publicada no Diário Oficial da União no dia 17 de abril de 2009.

Atualmente, a empresária é presidente do conselho de administração da Magazine Luiza.

Trajano também está a frente do “Grupo Mulheres do Brasil”, criado com o intuito de promover o empreendedorismo, ações sociais e projetos educativos para mulheres.

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Os papéis da Magazine Luiza (MGLU3) encerraram em queda de -1,34% nesta quinta-feira (5). As ações estavam cotadas em R$ 36,70.

Neoenergia: Solange Ribeiro

A Neoenergia é uma das maiores empresas do setor elétrico brasileiro. Fundada em 1997, a empresa atualmente fornece energia para 34 milhões de pessoas, quase 20% da população brasileira.

A companhia possui 13,9 milhões de unidades consumidoras que são atendidas por quatro distribuidoras. Sendo elas:

  • Coelba, na Bahia;
  • Celpe, em Pernambuco;
  • Cosern, no Rio Grande do Norte;
  • Elektro, em São Paulo e no Mato Grosso do Sul.

No Conselho de Administração dessa gigante da energia do Brasil está Solange Ribeiro, presidente adjunta da Neoenergia.

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Graduada em Engenharia pela Universidade Federal de Pernambuco, Ribeiro já atuou como vice presidente de assuntos regulatórios na AES Eletropaulo. Além disso, ela também participou da diretoria financeira da Companhia Hidrelétrica do São Francisco.

No exterior, a executiva já foi consultora da National Economic Research Associates (NERA), em Washington, nos Estados Unidos.

A engenheira faz parte do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) e do Conselho Consultivo da Associação Brasileira da Indústria de Base (ABDIB). Além disso, Ribeiro é vice presidente do conselho de administração do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Em julho deste ano, Ribeiro participou do “SDGs in Brazil – The Role of the Private Sector”, evento da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York. O evento propiciou uma debate sobre ações empresariais com o intuito de atender aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Esse não foi o único trabalho relacionado ao meio ambiente da executiva. Ribeiro também é uma das responsáveis pelo programa “Energia que Transforma”, com o objetivo de capacitar educadores para ensinarem sobre o uso eficiente da energia.

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As ações ordinárias da Neoenergia (NEOE3) fecharam o pregão desta quinta-feira (5) em queda de -0,53%, cotadas em R$ 20,49.

Mulheres também como investidoras

O número de brasileiras que atualmente investem na Bolsa de Valores de São Paulo ainda é pequeno.

Conforme os dados divulgados pela própria B3, entre 2009 e 2019, o número de investidores pessoa física passou de 552.364 para 1.224.953. Desse total, 76,40% são homens e apenas 21,72% mulheres.

Para a prof.ª Prestes, esse baixo número de investidores em geral poderia ser explicado com base na situação econômica do Brasil. Desse número pequeno, as mulheres têm uma baixa representatividade por conta de uma tradicional aversão a risco do público feminino. Um comportamento que, segundo a professora, leva as mulheres a estudar mais do que os homens antes de tomar decisões financeiras.

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“A mulher quando vai procurar investimento se preocupa se há reservas de emergência, em ter baixa volatilidade na carteira. No geral, as mulheres preferem não ser tão agressivas nos investimentos”, explicou a professora de finanças da FAAP.

A educação financeira foi apontada por Gabriela Mosmann como o principal caminho para mudar esse cenário. Segundo ela, o assunto não pode ser tratado como algo exclusivo para homens ou mulheres.

“Educação financeira é um assunto para todos. Quando ensinarmos como algo que tem que estar na escola, para as crianças, esses números vão se tornar mais compatíveis com a proporção da população”, explicou Mosmann, salientando que esse poderia ser um dos caminhos para reduzir a desigualdade entre homens e mulheres.

Giovanna Oliveira

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