Viver de dividendos não é ilusão

Texto originalmente publicado por Felipe Tadewald em nosso grupo do Facebook

Ao longo desses anos investindo no mercado de renda variável, não foram poucas as vezes que li ou ouvi pessoas ou mesmo veículos de informação desestimulando os investidores, afirmando que viver de dividendos é impossível e é apenas uma ilusão, que deve ser esquecida por quem quer entrar na bolsa.

Isso é triste, pois acaba incentivando os possíveis investidores a entrarem na bolsa com uma visão especulativa, ou mesmo desestimula outros que pretendiam formar uma carteira previdenciária de investirem em ações.

Dias atrás, aqui no grupo inclusive, um rapaz disse que viver de dividendos é inviável, pois dividendos são “duvidosos” e que só seria possível viver com juros da renda fixa, pois esses sim seriam previsíveis e seguros. Esse pensamento, infelizmente, é mais comum do que parece.

Eu entendo que o termo “viver de dividendos” é algo muito incomum para o brasileiro, e pode soar estranho mesmo, afinal de contas, o brasileiro sempre foi “treinado” para enxergar as ações apenas como cassino, instrumentos de especulação, e não como ferramentas de formação de patrimônio e geração de renda.

Além disso, é muito raro uma pessoa conhecer outra que vive de dividendos e isso pode dar realmente a impressão de que viver de dividendos é praticamente impossível, ou algo apenas para quem já é muito rico ou é herdeiro.

Felizmente, apesar de ser muito incomum e não ser tão rápido conseguir atingir este patamar, viver de dividendos é plenamente possível.

INVISTA PARA SER SÓCIO, NÃO PARA JOGAR

Um grande problema, em minha visão, que faz o Brasil ser um país em que é muito difícil ver alguém vivendo de dividendos de ações da bolsa, além da própria falta de educação financeira geral do brasileiro, é o fato de que aqueles que se interessam pela bolsa, na maioria das vezes querem assumir uma postura totalmente especulativa.

A maioria dos investidores, infelizmente, não veem a bolsa como uma forma de se tornarem sócios de boas empresas ou receberem dividendos. Eles vêem a bolsa apenas como uma espécie de jogo de azar, uma forma de obter ganhos elevados num curto período de tempo.

A busca deles é apenas ganho de capital, através de operações de curto prazo, e após obterem os lucros (quando conseguem), retiram os valores de ações e transferem para a renda fixa.

Do contrário destes, existem alguns (poucos) que vêem o mercado como ele realmente deve ser visto: Uma forma de se associar às boas empresas e participar de seus lucros, visando o longo prazo e uma carteira previdenciária.

Aqueles poucos investidores que enxergam o investimento em ações como uma forma de se tornarem sócios de boas empresas, e participarem de seus lucros, e não apenas como uma forma de especular, “comprar na baixa e vender na alta”, sabem que viver de dividendos é plenamente possível e que para chegarem lá é uma questão de tempo.

É decepcionante ler muitas pessoas ou a própria mídia afirmarem que viver de dividendos é algo inviável ou uma mera ilusão justamente por serem resultados variáveis e incertos, dependentes dos lucros das empresas, pois isso não faz sentido.

Afinal de contas, assim como o investidor de ações que compra ações para receber seus dividendos, que não são nada mais do que os lucros de atividades comerciais e empresariais, os donos ou sócios de uma pequena padaria, ou mesmo de lojas de roupas, de um pequeno mercado, ou de qualquer negócio, também recebem suas parcelas de lucros de suas empresas e vivem (e dependem) disso.

As pessoas deveriam enxergar as ações da mesma forma que o sócio de uma padaria, ou de um pequeno comércio, visualiza seu negócio.

Ele geralmente não está preocupado em quanto sua padaria “vale” diariamente, pois ele não quer vendê-la, mas está sim preocupado com a geração de caixa da mesma e nos lucros que ela distribuirá como dividendos para ele, pois é daí que ele tira o seu sustento.

Se a padaria está vendendo mais pães, e está faturando mais, é provável que os dividendos dos donos da padaria serão maiores, e é isso que os anima e incentiva no negócio.

No caso do investidor em ações, ele ainda tem uma grande vantagem do seu lado, pois ele tem a possibilidade de escolher apenas as boas e ótimas empresas para se tornar sócio, empresas bem consolidadas, de marcas valiosas, e que além disso, possuem um time muito capacitado e profissional de gestores para tocarem esse negócio, diferente muitas vezes de um pequeno negócio, que podem possuir uma gestão pouco profissional e desorganizada.

Além disso, diferente do dono da pequena padaria, o investidor em ações pode diversificar seus investimentos e pode ter “um pedacinho” de cada empresa, não tendo a necessidade de ter todo (ou a maior parte) o capital em apenas um negócio.

Essa diversificação também acaba protegendo bastante o investidor, já que se uma de suas empresas resolver pagar menos dividendos em um determinado ano, como o investidor possui inúmeras empresas, é provável que outras empresas acabem pagando mais do que no ano anterior, mais do que compensando a queda de dividendos de uma ou outra empresa.

Na média, investindo em uma boa carteira diversificada, com boas empresas e também bons fundos imobiliários, o investidor terá uma renda passiva resiliente, constante e que tende a crescer no longo prazo.

CONSTRUA SUA PRÓPRIA “HOLDING” NO LONGO PRAZO PARA VIVER DE DIVIDENDOS

É claro que tudo isso não é rápido e nem tão fácil. O investidor que deseja viver de dividendos precisa ter muita disciplina de economizar e investir todos os meses, abdicando de alguns luxos no presente, além de reinvestir todos os dividendos durante um grande período, e é claro, saber tirar proveito da volatilidade do mercado, aproveitando as promoções.

Porém, realizando aportes consistentes (como diz o meu amigo Will) todos os meses, adquirindo bons ativos geradores de renda, reinvestindo os dividendos e investindo com uma visão de longo prazo, sempre de olho nos dividendos e nos fundamentos das empresas e dos fundos imobiliários, aos poucos a geração de renda passiva vai crescendo, e crescendo, até que em algum momento ela já será mais do que suficiente para bancar todos seus gastos e ainda sobrará para investir.

Com esse hábito, durante anos, talvez décadas, o investidor vai construindo a sua própria “Holding”, com pequenas participações em inúmeras empresas dos mais variados setores, além de imóveis, shoppings, e fundos de recebíveis, e essa Holding, no futuro, será capaz de lhe proporcionar uma generosa renda de dividendos através das inúmeras receitas provenientes das participações.

Eu espero sinceramente que no futuro muitas pessoas nos procurem (Suno) para nos contar que com muita disciplina e esforço, conseguiram chegar aonde queriam e que vivem de dividendos, e não tenho dúvidas de que no futuro, o termo “viver de dividendos” será muito comum para qualquer pessoa.

Nós estamos tentando fazer nossa parte nisso, ajudando as pessoas e tentando instruí-las e auxiliá-las cada vez mais e acreditamos que o plantio de hoje, tanto nosso, quanto dos investidores, renderá ótimos frutos lá na frente.

ACESSO RÁPIDO
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    3 comentários

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    • Alessandro 17 de setembro de 2019
      Estou começando agora...mas tenho certeza que vou alcançar esse objetivo. Muito bom esse texto. Com esforço e ajuda da Suno vou longe :)Responder
    • Carlos 13 de maio de 2020
      Otimo texto esse é o caminho q deveria ser trilhado no inicio da vida, assim como ocorre e sociedades mais maduras no assunto, nosso país carece de educação financeira, mtos nao tem ainda o habito de poupar, felizmente essa mentalidade chegou a mim ainda nos 30 anos...rs Sao 3 anos de Buy and Hold total, posso garantir que essa abordagem mudou completamente a minha vida.Responder
    • kelly susy 28 de fevereiro de 2022
      Concordo plenamente e estou trabalhando na minha holding.Responder