Radar do Mercado: Kroton (KROT3) – Parceria com Cubo Itaú para fomentar inovação educacional

A Kroton Educacional comunicou ontem (19) a seus acionistas, investidores e ao mercado em geral, o fechamento de uma parceria com o Cubo Itaú, maior espaço de empreendedorismo tecnológico da América Latina. Segundo o informado, a parceria dará origem à vertical “Cubo Education”, um espaço dedicado ao fomento de edtechs e que buscará agregar valor e conhecimento tecnológico ao desenvolvimento da educação no Brasil.

“Ao unir a experiência em educação da Kroton com a capacidade do Cubo Itaú de criar centros estruturados de startups, as empresas pretendem construir um centro de criação e distribuição de conteúdo aliado a tecnologias educacionais disruptivas”, ressaltou a empresa em seu comunicado.

Para Rodrigo Galindo, CEO da Kroton, “a iniciativa contribuirá para um avanço significativo na jornada de transformação digital da companhia, nos colocando numa posição diferenciada para criar novas soluções educacionais que apoiem a transformação da vida de nossos alunos”, destacou o CEO.

 

É interessante destacar, no âmbito de tal comunicado, que tal parceria está inserida no contexto do planejamento estratégico da companhia, que pretende tornar a Kroton a empresa de educação mais digital do mundo.

Neste sentido, o plano de transformação digital da Kroton compreende uma mudança na sua cultura organizacional, trazendo uma nova forma de trabalhar, além de investir em processos que aprimorem a experiência do aluno e a proposta de valor oferecida a eles.

Com isso, ao estabelecer um contato bastante próximo às empresas startups, a Kroton além de fomentar o mercado de tecnologia voltada à Educação, pode ainda apoiar na descoberta de novos mecanismos para transformar o futuro dos estudantes oferecendo soluções mais adaptadas às necessidades do mercado de trabalho.

Adicionalmente, é factível deduzir que a parceria vai propiciar aos alunos a oportunidade de vivenciar o ambiente de inovação e empreendedorismo existente neste mercado.

Neste contexto, a Kroton será a responsável por um andar inteiro voltado à educação no prédio do Cubo Itaú, a ser inaugurado no início do próximo semestre.

Esse espaço será dedicado a incubar e acelerar edtechs, além de oferecer espaços de aprendizagem, estúdios para gravação de vídeos e salas de aulas preparadas para o teste de formatos, metodologias e tecnologias inovadoras.

Parte da equipe de inovação da Kroton será alocada nesse espaço, para gerir o relacionamento com as edtechs, acompanhar o desenvolvimento de projetos e identificar possíveis oportunidades.

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Vale lembrar, ainda, que recentemente a Kroton apresentou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), por meio de sua controlada indireta, a Saber Serviços Educacionais, o pedido de registro de emissor de valores mobiliários, categoria “B”.

Tal processo de abertura de capital da Saber se insere em um contexto de estruturação e sofisticação de governança corporativa para futura captação de dívida no mercado de capitais, os quais serão utilizados para financiar e concluir a mencionada aquisição do controle acionário da Somos, dentre outras oportunidades, segundo o informado pela companhia na ocasião de tal anúncio.

Neste âmbito, vale lembrar que a Saber é a nova denominação do Sistema Pitágoras de Educação Sociedade Ltda., sociedade integralmente detida pela Kroton, de forma indireta, que passará a consolidar todas as suas operações de educação básica, incluindo as operações decorrentes da aquisição da Somos Educação S.A., conforme comunicado pela companhia ao mercado em meados de abril desse, cujo fechamento encontra-se sujeito ao cumprimento de determinadas condições precedentes, inclusive a aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).

Segundo o comunicado pela empresa na ocasião da criação da holding, a Saber resulta de uma reorganização interna dos negócios atuais de Educação Básica da Kroton, englobando sistemas de ensino e operação de escolas próprias e de contratos, além dos negócios que a companhia vier a realizar neste segmento no futuro, incluindo aquisições de ativos e sua subsequente expansão por meio de novas unidades utilizando a marca do ativo adquirido.

A Kroton ressaltou, na mesma ocasião, que as instituições sob a holding Saber terão seus projetos pedagógicos mantidos, uma vez que estes concentram boa parte do valor atribuído à marca.

Ainda em relação a tal comunicado, o mesmo é o primeiro passo para uma eventual abertura de capital na B3. Por enquanto, contudo, a companhia só mencionou a sua intenção em uma emissão de dívida.

Vale lembrar, também, que a empresa foi criada em abril após a aquisição do Centro Educacional Leonardo Da Vinci, localizado em Vitória, Espirito Santo, com o foco na educação básica. No mesmo mês, a companhia apresentou a compra da Somos Educação por R$ 4,6 bilhões.

É importante destacar, ainda, que a Kroton Educacional é uma das maiores organizações educacionais privadas do Brasil e do mundo, com uma trajetória de mais de 50 anos na prestação de serviços no Ensino Básico e de mais de 15 anos no Ensino Superior.

Atualmente, a companhia possui 118 unidades de Ensino Superior, presentes em 17 estados e 76 cidades brasileiras, além de 910 Polos de Ensino a Distância credenciados pelo MEC localizados em todos os estados brasileiros e também no Distrito Federal.

A Kroton ainda conta, na Educação Básica, com 672 escolas associadas em todo o território nacional.

É preciso reforçar, entretanto, que mesmo a companhia apresentando bons resultados no seu histórico, existe, em relação ao seu operacional, um risco inerente no que diz respeito à sua, de certa forma, “interligação” ao Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES), conexão esta que, mesmo apresentando uma gradual redução no decorrer dos trimestres, ainda se encontra em um patamar que pode influenciar de maneira direta nas receitas do grupo, caso haja algum tipo de interrupção no programa, o que, em nossa visão, representa uma certa insegurança quanto ao seu desempenho enquanto a mesma não for reduzida de maneira mais significativa.

Assim, não nos sentimos confortáveis para indicar a associação com o negócio, principalmente por acreditarmos em “insustentabilidades” perante esse tipo de processo de financiamento estudantil disponibilizado pelo governo.

Por conta disso, nosso posicionamento a respeito da companhia e do segmento como um todo segue inalterado e, dessa forma, preferimos ficar de fora do case devido às nuances que envolvem os processos de financiamentos governamentais em relação ao sistema educacional privado, que julgamos não se sustentar no médio prazo.

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    Tiago Reis
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