Radar do Mercado: Energia do Brasil (ENBR3) – importante aquisição de participação na Celesc

A EDP – Energias do Brasil – comunicou ontem (19) que celebrou, na mesma data, um contrato através do qual comprometeu-se a adquirir da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil – PREVI – 33,1% das ações ordinárias (ON) equivalentes a 5.140.868 ações, e 1,9% das ações preferenciais (PN) equivalentes a 437.807 ações.

Em conjunto, o montante total dessas ações representa 14,5% do total de ações de emissão da Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc).

Segundo reportou a EDP, o preço de aquisição total é de R$230 milhões, a ser atualizado pela variação positiva do CDI, até à data da conclusão da operação. Neste mesmo sentido, a companhia destacou que o preço de aquisição será reduzido do montante de quaisquer distribuições de Dividendos ou Juros sobre o Capital Próprio que venham a ser declarados e/ou pagos pela Celesc entre ontem e a conclusão da operação.

A companhia ressaltou, ainda, que pretende, uma vez concluída a operação, exercer os direitos inerentes à participação acionária adquirida, inclusive o de indicar membros para o Conselho de Administração da Celesc. “Neste momento, a companhia não tem plano ou intenção de alterar a composição do controle acionário da Celesc”, destacou.

Outro ponto que merece destaque em relação ao o comunicado feito pela EDP diz respeito ao fato de que, se realmente se concluir a operação, a companhia realizará uma Oferta Pública Voluntária (OPA) ao preço de R$27,00 por ação, para adquirir até 7.374.000 de ações PNs de emissão da Celesc em circulação no mercado, que correspondem a até 32% do total das PNs de emissão da Celesc, sendo que será assegurado o rateio entre os acionistas, caso a oferta seja bem sucedida e a adesão seja superior ao número máximo das ações objeto da OPA a serem adquiridas.

Foi mencionado, ainda nesse sentido, que o preço das ações objeto da OPA será ajustado se houver a declaração e/ou pagamento de quaisquer dividendos ou juros sobre o capital próprio pela Celesc até a data do leilão da OPA Voluntária.

“Esta transação reforça um novo ciclo de crescimento da companhia, com ênfase no segmento de distribuição e transmissão, além de ampliar a presença no Estado de Santa Catarina, iniciada com a parceria feita com a Celesc para a construção do Lote 21, contratado no Leilão de Transmissão de Abril de 2017”, ressaltou a EDP em trecho de seu comunicado.

A conclusão da operação está sujeita à verificação de determinadas condições precedentes usuais a este tipo de transações, como a aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE – e a aprovação pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar – PREVIC.

 

A EDP – Energias do Brasil – é uma companhia que atua nos segmentos de Geração, Distribuição, Transmissão, Comercialização e Soluções de energia elétrica, tendo sua sede na cidade de São Paulo.

A empresa possui ativos em 12 estados: Amapá, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins e é controlada pela EDP Energias de Portugal S.A, uma das maiores operadoras europeias no setor energético.

No que diz respeito à sua atuação em geração de energia, a EDP possui uma capacidade instalada de 2,76 GW relativa ao portfólio de usinas hidrelétricas e térmicas e aposta em um modelo de negócios cujas bases são a eficiência nas operações, a otimização de portfólio, o compromisso com a execução, o gerenciamento de riscos e de crises e a capacidade de antecipar entregas.

Ainda, os ativos de Geração da EDP estão presentes em sete estados brasileiros: Amapá, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará e Tocantins.

No segmento de distribuição, a companhia possui duas Distribuidoras e um total de 3,3 milhões de clientes no Brasil, a EDP atua nos estados de São Paulo (SP) e do Espírito Santo (ES), onde distribuiu 24.424 GWh de energia em 2016.

É importante mencionar, também, que a EDP Brasil atua no segmento da Transmissão de energia elétrica desde o final de 2016 e conta atualmente com 5 lotes de linhas de transmissão de energia no país, espalhados por 6 estados do país (Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo) que juntos somam aproximadamente 1300 km de linhas.

Por fim, vale ressaltar, também, que desde 2001 a unidade de negócio de Comercialização e Soluções em energia da EDP é responsável pela administração do portfólio de contratos de energia das empresas do Grupo no Brasil, além dos contratos de clientes finais intensivos no consumo de energia elétrica.

Neste sentido, a unidade de negócio de Comercialização e Soluções em energia atende clientes que desejam otimizar suas compras no ambiente competitivo de energia elétrica. Seus serviços técnicos compreendem a Construção de Subestações, Linhas de Transmissão e Eficiência Energética.

Em relação a seus números, no terceiro trimestre deste ano foi possível perceber, como destaque, uma margem bruta de R$ 864,5 milhões, redução de 7,6% em comparação ao 3T16, porém no acumulado do ano, houve um crescimento de 2,7%.

Outro ponto sobressalente foi o Ebitda ajustado que, no trimestre, cresceu 14,3% (R$ 535 milhões) e no acumulado do ano o aumento foi de 16,9% (R$ 1,57 bilhão). Do total apurado no período, 35,4% do Ebitda refere-se à Geração Hídrica, 25,3% à Geração Térmica, 36,2% à Distribuição, e 7,8% à Comercializadora e EDP Grid.

Em relação ao lucro líquido ajustado do período, a companhia atingiu o patamar dos R$ 129,2 milhões, o que representou um aumento de 2,4%, em relação ao 3T16.

Apesar de um cenário hidrológico bastante adverso, que acabou prejudicando bastante a margem bruta do segmento hídrico, e elevando bastante os gastos com compra de energia, os resultados finais da empresa não ficaram comprometidos, e cresceram na base ajustada, levando a empresa a uma boa geração de caixa.

Já no que diz respeito à dívida líquida do grupo, pôde-se perceber que, dando continuidade à estratégia de redução dos custos de dívidas, com foco estratégico na eficiência financeira e fiscal, a razão Dívida Líquida/Ebitda manteve-se em níveis confortáveis, de 1,9x, o que permite visualizarmos a continuidade dos projetos da companhia com risco controlado, mesmo a companhia demonstrando uma dívida líquida de pouco menos de R$ 4 bilhões.

É natural supor que esse nível de alavancagem pode ser ampliado devido à aquisição de parte da Celesc conforme referenciada no fato relevante divulgado, porém entendemos que, na conjuntura atual, a companhia apresenta capacidade de manusear de maneira saudável todos esses compromissos.

Ainda no sentido da referida aquisição da participação mencionada, é interessante mencionar que a Celesc atua no setor de energia, nas áreas de distribuição, geração e transmissão, sendo a principal empresa deste segmento no Estado de Santa Catarina.

Estruturada como holding em 2006, a companhia possui duas subsidiárias integrais, a Celesc Distribuição e a Celesc Geração, detém o controle acionário da SCGÁS e mantém participações em empresas afins do setor elétrico e da área de infraestrutura.

Ainda no âmbito da operação, a EDP se comprometeu a adquirir a totalidade de até 14,5% do total de ações de emissão de Celesc, porém ressaltou que não tem plano ou intenção de alterar a composição do controle acionário da companhia catarinense.

Foi mencionado, ainda, que se concluída a operação, a EDP pretende realizar uma OPA ao preço de R$27,00 por ação, para adquirir até 7.374.000 de PN de emissão da Celesc em circulação no mercado, que correspondem a até 32% do total das PNs de emissão da empresa.

Para fins exclusivamente comparativos, o referido preço representa, nesta data, um prêmio de 14,8% sobre o preço de cotação das Ações Preferencias no fechamento do pregão de ontem (19).

Ao que tudo indica, a EDP enxergou uma oportunidade de expandir a sua capacidade operacional e, neste sentido, é muito provável que a referida aquisição da Celesc – apesar de ter como controlador o Estado de Santa Catarina – tenda a agregar bastante valor nos resultados da Energias do Brasil e, por consequência, na geração de valor a seus acionistas.

Gostamos muito da companhia e do seu setor de atuação como um todo por o considerar bastante sustentável e um tanto quanto “previsível” no longo prazo.

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    Tiago Reis
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