O Investidor Inteligente: entenda a obra de Benjamin Graham

O livro Investidor Inteligente de Benjamin Graham é uma das obras mais conceituadas do mundo dos mercados de capitais.

Por anos, a obra literária de Graham foi amplamente divulgada pelos maiores investidores do mundo, como é o caso de Warren Buffett.

Como surgiu o livro ‘’O Investidor Inteligente’’?

A primeira edição de “O investidor inteligente” foi lançada em 1949, onde o autor Benjamin Graham se dirige aos investidores individuais, sendo eles profissionais ou não, muitos deles considerados leigos.

Portanto, o livro o investidor inteligente surgiu em 1949. Desde lá, a obra de Graham é consultada por diversos investidores e entusiastas da área.

Além de ler diversas vezes sua obra, Buffett ainda se tornou aluno e funcionário de Graham. Mesmo após anos de publicação do Investidor Inteligente, a obra de Graham continua atual e de conteúdo altamente relevante.

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Quem é Benjamin Graham?

Benjamin Graham nasceu em 1894 na Inglaterra e durante o período da Primeira Grande Guerra Mundial, Graham se mudou junto dos seus pais para os Estados Unidos.

Aos 20 anos, Graham se formou na Universidade de Columbia e depois foi trabalhar em Wall Street.

Em 1926 Graham montou a empresa Graham-Newman, uma firma de investimentos. Depois de alguns anos, Graham começou dar aulas na Universidade de Columbia.

Na Universidade de Columbia, Graham conheceu David Dodd. Com David Dodd, Graham fez dois livros que se tornaram best sellers, Security Analysis (1934) e The Intelligent Investor (1949).

Quais são os principais conceitos do livro ‘’O Investidor Inteligente’’?

Benjamin apresenta sua filosofia de investimentos baseada na acurada análise do histórico de resultados das empresas, que revelem o valor intrínseco das mesmas, onde, ocasionalmente, se identificará que o valor de mercado de determinada empresa estará abaixo de seu valor intrínseco, proporcionando uma margem de segurança que aumente a expectativa de retorno em longo prazo.

Em 1934 Graham pública, em parceria com David Dodd, o livro “Security Analysis” (não disponível em português) – uma obra de caráter acadêmico que ajudou a moldar a própria profissão do analista de valores mobiliários, bem como fundar as bases do conceito de “Value Investing” (“Investimento em Valor”) dado que, antes de tal iniciativa, os gestores de fundos de investimentos não dispunham de métodos confiáveis para análise e compra de papéis, recorrendo, inclusive, a alguns rituais supersticiosos de adivinhação.

Logo no primeiro capítulo do livro, Graham faz a distinção entre investimento e especulação. Segundo o autor, uma operação de investimento é aquela que, após análise profunda, promete segurança do capital investido e um retorno adequado. Às operações que não atendem a essas condições são especulativas”. Zweig destaca três pontos:

  • “Você deve analisar exaustivamente uma companhia e a saúde de seus negócios antes de comprar suas ações”;
  • “você deve deliberadamente proteger-se contra prejuízos sérios”;
  • “você deve aspirar um desempenho ‘adequado’, não extraordinário”.

De onde se conclui que o especulador que busca resultados extraordinários de curto prazo, geralmente perde em desempenho para o investidor de longo prazo.

Flutuações de mercado

Para Benjamin Graham, é importante que o indivíduo disposto a investir – ao invés de especular – deve analisar seu perfil de investimento para seguir estratégias distintas. O investidor defensivo seria aquele com pouco tempo disponível para acompanhar o mercado constantemente, em função de suas obrigações com outros ofícios.

Profissionais liberais, assalariados e pequenos empresários não podem perder o foco em suas atividades para arriscar-se num jogo onde até os mais experientes podem perder. Uma atitude inteligente, neste caso, é assumir-se como investidor defensivo, adotando uma postura mais conservadora diante do mercado, sem prejuízo em longo prazo para o desempenho de sua carteira.

Já o investidor empreendedor tem uma postura mais agressiva, alimentada por mais tempo dedicado a pesquisar, selecionar e monitorar – de forma ininterrupta – uma miríade mutável de ações e fundos mútuos.

Vale notar que ficar no meio termo entre a postura defensiva e agressiva significa aumentar o risco de ter o desempenho da carteira diminuído em relação aos resultados obtidos por aqueles que, claramente, optam por um comportamento mais distanciado do sobe e desce do mercado, fiando-se em empresas de grande porte com crescimento moderado, porém sólido, sendo menos suscetíveis aos ataques de especuladores.

Margem de segurança

Ao controlar os próprios ânimos e impulsos, com o objetivo primordial de não perder, o investidor inteligente estará bem posicionado para operar com margens de segurança que lhe garantam um desempenho satisfatório de sua carteira diversificada em longo prazo.

Nas palavras de Graham, “é curioso ver como muitos empresários capazes tentam operar em Wall Street com completa desconsideração por todos os princípios sensatos com base nos quais obtiveram sucesso em seus próprios empreendimentos. “ – Portanto, investir será algo inteligente na mesma proporção em que se parece com um empreendimento convencional, onde ninguém está disposto a rasgar dinheiro.

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O investidor defensivo

Graham recomenda que o investidor defensivo deva buscar a diversificação entre empresas que se assemelham a castelos fortificados, cujos fossos e muralhas as protejam da concorrência direta de outras empresas, das interferências governamentais e da obsolescência tecnológica, entre outros fatores. O autor recomenda que estas empresas devam se submeter a uma bateria de testes perante o analista.

Neste roteiro, o investidor deve considerar o tamanho adequado da empresa – empresas pequenas demais, mesmo que rentáveis, devem ser descartadas. As empresas devem, também, ter uma condição financeira forte o suficiente para que, no caso das indústrias, seu ativo circulante seja pelo menos o dobro do passivo circulante, cujo endividamento de longo prazo não deve suplantar o capital de giro.

Prosseguindo, a estabilidade dos lucros para as ações ordinárias deve ser verificada para os últimos dez anos. Já o histórico de pagamentos de dividendos deve mostrar uma sequência ainda maior, de vinte anos.

O crescimento dos lucros por ação nos últimos dez anos deve ser de pelo menos um terço, com a empresa mantendo uma razão entre preço e lucro moderada, não ultrapassando 15 vezes os lucros médios dos últimos três anos. Por fim, a razão entre o preço e os ativos também deve ser moderada, com o preço atual não devendo ser maior do que uma vez e meia o último valor contábil divulgado.

Há de se reconhecer que poucas empresas brasileiras de capital aberto na Bolsa de São Paulo, se encaixam plenamente no roteiro estabelecido por Graham (talvez nenhuma). Algumas das empresas mais sólidas do mercado brasileiro sequer possuem vinte anos de história.

Vale notar que, tanto no mercado norte-americano como no brasileiro, as empresas do setor elétrico, especialmente as geradoras e transmissoras de energia, são as que mais se aproximam do perfil recomendado por Benjamin.

Concessões para o investidor empreendedor

Sendo Benjamin Graham e seu sócio Jerome Newman investidores – empreendedores e agressivos – bem-sucedidos, logicamente eles não poderiam se ater às amarras que orientam os investidores defensivos e passivos.

Ao investidor empreendedor versado na interpretação de balanços financeiros, lhe é permitido tornar-se parceiro de companhias secundárias que, segundo Graham, “mostram um bom desempenho, têm um registro passado satisfatório, mas não parecem atraentes ao público”. O indicador reinante nesta análise seria o LPA – Lucro por Ação.

Uma das grandes dificuldades que o investidor empreendedor enfrenta é identificar nas entrelinhas, ou mesmo em notas de rodapé, eventuais maquiagens contábeis nos relatórios financeiros publicados regularmente pelas empresas.

Em alguns casos, as empresas usam subterfúgios questionáveis para aumentar o LPA, induzindo o investidor desavisado a fazer aportes no papel referido. Quando o mesmo percebe que os números não eram fiéis à realidade, nos exercícios posteriores, o desempenho de sua carteira pode sofrer danos irreversíveis.

De acordo com Jason Sweig, a receita líquida – ou LPA – “foi distorcida recentemente por fatores como concessões de opções sobre ações e lucros ajustáveis”. Ele recomenda que o investidor passe a atentar também para o ROIC (sigla que, em português, significa “Retorno Sobre o Capital Investido”). Considera-se interessante um ROIC de ao menos 10%, sendo aceitáveis as taxas de 6 ou 7% se a companhia em questão estiver passando por dificuldades momentâneas, não estruturais.

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Como ser um investidor inteligente?

As bolsas de valores operam em ciclos alternados de alta e baixa, em intervalos irregulares que duram alguns anos. Cabe ao investidor inteligente estar preparado, emocionalmente e financeiramente, tanto para atravessar os vales do ciclo de baixa como os picos do ciclo de alta. Em o investidor inteligente do Benjamin Graham, o autor personificou o mercado na figura de um senhor cujo humor é orientado por tais ciclos.

Neste caso, o investidor deve se manter imune ao “Senhor Mercado”: otimista nos ciclos de alta, pedindo para você comprar ações; e pessimista nos ciclos de baixa, lhe implorando para vender seus papéis a qualquer preço.

O investidor – seja defensivo ou empreendedor – deve se manter fiel à sua estratégia adotada, confiar em suas análises e no desempenho de sua carteira, não relacionando o valor intrínseco dela com as variações das cotações dos papéis no mercado financeiro.

O investidor só deve dar atenção para as cotações quando elas claramente indicam oportunidades de compra em ciclos de baixa, e possibilidades de venda quando os ciclos de alta estão próximos do topo. E não, Graham não tinha a obsessão de casar com as empresas eternamente. Dentro de sua política de diversificação, ele admitia a opção de venda de ações quando estas se encontravam supervalorizadas.

O investidor inteligente precisa compreender que a bolsa de valores todos os dias fará ofertas para comprar e vender as ações. Inclusive as ações do investidor inteligente.

A partir do momento em que o valor não faz mais sentido, o investidor precisa entrar para aproveitar a oportunidade.

Vale destacar a importância de determinar qual é o valor intrínseco do ativo. Por se tratar de um assunto um tanto quanto subjetivo e de difícil compreensão, a análise de um ativo, em média, se dá por indicadores e conceitos já compreendidos no meio.

Mas, é preciso que o investidor inteligente coloque em prática a sua análise e veja se o valor de mercado, e o valor intrínseco do negócio, fazem sentido ou não. 

Você compreendeu melhor como é a obra o Investidor Inteligente? Tem dúvidas, então deixe uma pergunta ao final.

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    Tiago Reis
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    8 comentários

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    • Amaral 7 de junho de 2019
      Estou aprendendo e acompanhando os seus trabalhos/orientações. Criando bases para estar entendendo as estratégias de investimento antes de me lançar nessa grande aventura. Parabéns!Responder
    • Magno Alex 20 de agosto de 2019
      Ótima resenhaResponder
      • JOSÉ HARO 10 de março de 2020
        Para mim como este é universo absolutamente novo, vou tomar a liberdade de me ater nós comentários a princípio, aproveitando a deixa e fazendo minhas às palavras do Sr Amaral no primeiro comentário, estou aprendendo e apreciando muito! Deixo meus parabéns também,e os votos de excelentes negócios a todos!Responder
    • José Ozanir 8 de maio de 2020
      Excelente. Abr e GrtResponder
    • Joao 7 de dezembro de 2020
      Como sugestão, seria interessante que algum especialista da Suno fizesse um espécie de compatibilização com os tipos de investimentos citados no livro, para a realidade do investidor brasileiro. O autor do livro cita vários tipos de investimentos tais como títulos com obrigações não tributaveis de segunda linha. Fico pensando o que pode vir a ser isto.Responder
      • Suno Research 8 de dezembro de 2020
        Olá, João! Tudo bem? Obrigado pela sugestão. Vamos levar para os nossos analistas. Com relação aos títulos citados pelo Graham, eles podem ser comparados com os títulos de crédito privado de empresas um pouco menos seguras no Brasil. Por exemplo: debêntures (incentivadas ou não). Atenciosamente, Equipe Suno.Responder
    • Mateus 31 de agosto de 2022
      Ótimo texto. Irei comprar o livro para me aprofundar mais na obra.Responder
    • ovidio 18 de dezembro de 2023
      realmente o caro e muito bom! estou ainda lendo esse livro. o que me incomoda ainda são as de 1ª linha com liquidez média diária muito baixa em relação se comparanado as empresas do mesmo setor (exemplo ENGI4 X CMIG4). Sendo que essa duas companhias tem o praticamente o mesmo valor de mercado com uma diferença de 40%Responder