A Fórmula Mágica de Joel Grenblatt: The Little Book That Beats The Market

O megainvestidor americano Joel Greenblatt criou um sistema interessante para investidores de longo prazo. Ele apelidou este sistema de “Fórmula Mágica” (Magic Formula).

A “fórmula mágica” não tem a pretensão de vender o sonho da riqueza rápida. Apesar do nome chamativo, existe uma sofisticação em sua abordagem.

Quantos de nós confiam em nossas habilidades financeiras o suficiente para gerenciar nossos próprios investimentos?

A maioria de nós está satisfeita em entregar o nosso dinheiro para especialistas e deixá-los fazer isso por nós. Isso é errado: eles cobram taxas enormes por seu serviço e muitas vezes não tomam as decisões corretas.

Em geral, a melhor maneira de ter uma rentabilidade satisfatória no mercado de ações é gerenciar seus próprios investimentos, mas como?

Esses capítulos mostram quais fatores você deve levar em consideração ao analisar a rentabilidade de uma ação.

Se você seguir esta abordagem de investimento provavelmente você irá superar a média de rentabilidade do mercado.

Os valores de mercado de ações da maioria das empresas variam drasticamente durante curtos períodos de tempo sem razão racional.

Se você desenhasse um gráfico mostrando os preços das ações do Itaú ou Ambev nos últimos cinco anos, como seria? Provavelmente uma linha bastante reta subindo, marcando estáveis ​​aumentos no preço, certo? Errado.

Embora houvesse uma tendência geral de aumento de preços, a linha seria irregular, retratando flutuações que afetam todas as ações, independentemente de quão bem-sucedida a empresa é. As ações não andam em linha reta.

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Mas por que os preços das ações das empresas variam tanto?

O valor real de uma empresa não se reflete no preço de sua ação; às vezes é subvalorizado, às vezes superestimado. Uma metáfora para entender isso é imaginar o mercado de ações como se fosse uma pessoa emocionalmente instável.

A “lenda” criada por Benjamin Graham leva essa analogia ainda mais longe, descrevendo o mercado como um sócio louco chamada “Sr. Mercado”.

O “Sr. Mercado” realmente quer vender e comprar de você, mas ele tem comportamento volátil. Alguns dias ele é incrivelmente otimista, ansioso para vender a um preço alto, mas em outros ele está deprimido, acreditando que as ações de suas empresas não valem muito e, assim, oferece suas ações por um preço mais baixo.

Você pode explorar o temperamento do Sr. Mercado comprando ações quando ele está de mau humor e comprando suas ações a um preço baixo. Assim, quando ele estiver se sentindo melhor, você pode vender as ações a um preço mais elevado.

Como funciona a Formula Mágica de Joel Greenblatt?

Olhe para o “retorno de lucro” (earnings yield) e o “retorno sobre o capital” (return on capital) ao montar sua carteira de investimentos.

Se você quiser ter uma chance contra o Sr. Mercado, você precisa garantir que compra ações quando seu preço está abaixo do valor da empresa e vende quando o preço está acima dela.

Para descobrir se o preço da ação é muito alto ou baixo, você deve considerar dois índices, segundo Greenblatt.

Primeiro, olhe para o “retorno de lucro”. Isto lhe diz se o preço da ação é um bom negócio. O “retorno de lucro” é calculado dividindo o lucro operacional (não confunda com o lucro líquido) por seu valor da companhia (valor de mercado somado ao endividamento líquido). A partir disso, conseguimos ter uma estimativa de rentabilidade de uma ação em relação ao seu preço.

Por exemplo, se o lucro operacional de uma empresa for de R$10 milhões e o seu valor de mercado for de R$50 milhões e seu endividamento líquido for de outros R$50 milhões, então a Fórmula Mágica de Joel Grenblatt nos dá um retorno de lucro de 10% ao ano (R$10mi dividido por R$100 mi).

No entanto, um retorno de lucro elevado não é suficiente.

Greenblatt sugere um cálculo adicional para nos dizer se a empresa é realmente rentável.

Ou seja, precisamos olhar para o retorno sobre o capital, ou “return on capital” (ROC).

Embora existam muitas variáveis ​​que influenciam a saúde de uma empresa, como o valor de suas marcas, sua estratégia, e assim por diante, a variável mais simples de estimar é a ROC.

O ROC é calculado dividindo o lucro operacional pelo valor contábil do capital investido. Para Greenblatt o valor investido é a soma do imobilizado com o capital de giro (estoque mais contas a receber menos contas a pagar).

O ROC revela o quão uma empresa é eficaz em transformar investimento em lucro.

Por exemplo, se você investiu R$ 300 mil para montar um posto de gasolina e fez um lucro operacional de R$ 60 mil, seu ROC para esse ano seria 20% (R$60 mil dividido por R$300mil).

Então, se você comprar ações de empresas que têm um alto “retorno sobre o capital” a preços baixos, você vai sistematicamente comprar empresas que estão atualmente subvalorizados pelo Sr. Mercado.

A fórmula mágica combina “retorno de lucro” (earnings yield) o e “retorno sobre o capital” (return on capital).

Mas o que exatamente você deve fazer com esses números calculados anteriormente? Você precisa usá-los para criar a fórmula mágica.

A fórmula mágica combina tanto o “retorno de produção” como a ROC em um único critério. Começa com uma lista das 3.500 maiores empresas disponíveis para negociação em uma das principais bolsas de valores dos EUA, como a NYSE ou o NASDAQ, e classifica essas empresas em uma escala entre 1 e 3.500, com base em seu ROC. A empresa com maior retorno ocupa o topo da lista.

As mesmas empresas são classificadas de acordo com seu “retorno de lucro” e a empresa com o maior índice é colocada no topo.

Por último, ambos os rankings são combinados. Assim, uma empresa que ficou em primeiro lugar na ROC, mas em 181 no “retorno de produção”, teria uma pontuação total de 182 (1 mais 181). As empresas com menor ranking combinado, portanto, têm a melhor combinação entre os dois fatores, o de retorno de produção e o ROC.

Então o que isso significa? Isso significa que você deve comprar ações dessas empresas!

A fórmula mágica faz um trabalho realmente bom ao longo do tempo.

Segundo Greenblatt, durante um período de 17 anos, de 1988 a 2004, uma carteira com cerca de 30 ações com as melhores classificações combinadas teve retorno em média de cerca de 30% ao ano, enquanto a média do mercado foi de apenas 12%. Assim, a fórmula mágica se mostra realmente eficaz.

PLANILHA DA VIDA FINANCEIRA

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    Tiago Reis
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    19 comentários

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    • Americo 7 de junho de 2019
      Gostaria de saber se aplicássemos nas empresas da Bovespa no mesmo período, se teríamos similar resultado?Responder
      • Guilherme 3 de julho de 2019
        A galera do Clube do valor tem um vídeo com uma aplicação dessa fórmula na nossa bolsaResponder
    • José 13 de julho de 2019
      Onde posso encontrar essas variáveis que me possibilitam fazer os cálculos?Responder
      • Suno Research 30 de julho de 2019
        Os números das empresas podem ser achados, por exemplo no FundamentusResponder
        • Tteseu investimentos 18 de maio de 2020
          Só uma correção: Valor da COMPANHIA = valor do mercado, número de ações x valor da ação, ponto. Valor da EMPRESA= valor da companhia + valor do endividamento BRUTOResponder
          • Letícia 3 de novembro de 2020
            Só uma correção: Valor da EMPRESA = valor da companhia + endividamento bruto + caixa e equivalentes de caixa (que dá no mesmo que valor da companhia + dívida líquida)Responder
    • Macron 17 de julho de 2019
      OGX ficou em primeira nessa fórmula. "Para-bens" analistasResponder
    • ronaldo serafim 26 de agosto de 2019
      OI Tiago. Acabei de ler o livro dele e fiquei com uma grande dúvida. Como aplicar a fórmula no mercado brasileiro. Quais os critérios que devemos utilizar aqui? ROC e Earning yields. Usando como base o site fundamentus , quais as siglas que melhor descrevem os dois ítens acima? Seria por exemplo ROIC e PL? Estou quebrando a cabeça tentando colocar essa fórmula para fazer backtest no mercado brasileiro. Muito Obrigado Ronaldo SerafimResponder
      • Pedro Paulo Rodrigues Filho 16 de setembro de 2019
        Tenho a mesma dúvida.Responder
        • Luiz 1 de outubro de 2019
          Mais umResponder
        • Thiago 7 de outubro de 2019
          Poderia colocar algo mostrando nossa realidade, pegando uma informação do site fundamentus e aplicando uma pratica com 5 empresasResponder
          • Jamal 13 de dezembro de 2019
            No fundamentus eu usei: 1) EV/EBIT = mas tem que dividir por 1 = 1/(EV/EBIT) ... para poder achar o % Ou vocês usam o rank ao contrário, quanto menor esse valor melhor 2) ROIC = retorno sobre o capital investidoResponder
            • JP 6 de maio de 2020
              Tem dados Bons Resultados?
            • Letícia 3 de novembro de 2020
              Exatamente Jamal! Também uso assim.
      • Henrique 26 de dezembro de 2020
        O Greenblatt usava o ROE + P/LResponder
      • Usuário 11 de julho de 2021
        Utiliza o seu "grande" e "formidável" indicador cópia de MACD...rs... é MaxColor o nome né... verde compra e vermelho vende....rsResponder
    • Técio Spínola 18 de julho de 2020
      Ótimo texto! Tiago, sugiro que faça um backtest comparativo dos últimos 15 anos no Brasil entre a Fórmula Mágica e a metodologia de Décio Barzin. Seria muito interessante.Responder
    • José 19 de agosto de 2020
      Muito bom. Obrigado pelo conteúdo.Responder
    • Lucas 6 de agosto de 2021
      A chamada no Google é click bait, "Fizemos uma análise da Fórmula Mágica de Joel Grenblatt do livro The Little Book That Beats The Market para o Brasil". Cadê a análise para o Brasil? kkkkResponder