Dólar: o que é e como investir na moeda mais forte do mundo?

Considerado o correspondente monetário mais usado no mundo, o dólar carrega consigo a responsabilidade de ser, também, a moeda mais forte do planeta. Não é à toa que a sua utilização está presente em transações do mercado financeiro muito além das fronteiras norte-americanas.

Por isso, para quem deseja fazer uma viagem para o exterior — ou mesmo para quem deseja ter uma reserva financeira em uma moeda forte e se proteger contra as crises no Brasil — investir em dólar pode ser uma opção interessante.

O que é o dólar?

O dólar é a mais importante moeda do planeta, sendo utilizada como reserva financeira por diversas economias ao redor do globo. Isso significa que, apesar de ser a moeda oficial dos Estados Unidos, o dólar americano (USD) pode ser considerado uma moeda de troca internacional. 

Sua relevância na economia internacional é tão grande que, atualmente, a maior parte das commodities são negociadas em dólar, como o petróleo. Assim, para encontrar seu preço em cada país é necessário multiplicar o preço da commodity, em USD, pela cotação da moeda em cada economia.

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Além disso, destaca-se que, em tempos de crise, a moeda americana costuma se valorizar muito frente ao real ou a qualquer moeda de país emergente que enfrente uma recessão. Assim, aqueles com investimentos lastreados ao dólar costumam obter retornos elevados.

Por outro lado, na maior parte desses períodos de valorização do dólar os ativos de renda variável do Brasil, como ações e fundos imobiliários, estão em processo de desvalorização. Em outras palavras, há uma tendência contrária de valorização e desvalorização entre o dólar e os demais ativos com lastro na economia brasileira.

Portanto, investir na moeda norte-americana pode ser uma forma bastante atrativa e interessante de se fazer hedge e também realizar uma proteção de patrimônio em tempos difíceis. Contudo, destaca-se que comprar o dólar e guardá-lo não é a melhor forma de realizar esse investimento.

Afinal, ao longo do tempo, o dólar tende a se desvalorizar por causa da inflação dos EUA, assim como ocorre com qualquer outra moeda. Portanto, é fundamental saber como investir em dólar de maneira eficiente.

Mas antes de começar a investir, de fato, em ativos dolarizados, é preciso compreender melhor sobre a moeda americana. Isto é, saber porque o dólar é a moeda mais forte do mundo e como funciona sua cotação.

Por que o dólar é a moeda mais forte do mundo?

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Para entender por que o dólar é a moeda mais forte do mundo, é preciso reconhecer que as expectativas e a confiança dos agentes de mercado são fundamentais para a estabilização econômica. Nesse sentido, historicamente, os Estados Unidos foi capaz de oferecer menos incertezas e mais estabilidade ao longo do tempo. 

Com isso, o dólar americano foi conquistado, com o passar dos anos, uma grande confiança. Afinal de contas, os Estados Unidos, com sua economia de livre mercado, foi capaz de prosperar, de passar por períodos de crise e de se tornar a maior economia do planeta.

Todos esses méritos, em conjunto, fizeram com que o USD fosse considerado um refúgio em período de instabilidade econômica, porque os Estados Unidos foi capaz de crescer e de prosperar ao longo de décadas, tendo também uma inflação oficial menor em relação aos outros países. 

Essa questão da inflação é fundamental, porque aqueles que possuem determinada quantia em moeda corrente não desejam sofrer pela sua desvalorização. No caso, como a economia norte-americana é mais estável e como sua inflação historicamente foi bem controlada, então o dólar passa a ser uma excelente opção.

Estes pontos são, entre outras questões, algumas das respostas para saber por que o dólar é a moeda mais forte do mundo. Abaixo, um pouco da sua história e quando ela passou a ser considerada uma moeda internacional.

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Histórico do dólar 

Apesar de ser utilizado há mais de 200 anos pelos Estados Unidos, o histórico do dólar como moeda internacional é mais recente. Isso porque foi na década de 40, após a Segunda Guerra Mundial, que o dólar americano conseguiu substituir a libra esterlina, da Inglaterra, como moeda padrão global.

Após esse período, os EUA, vencedor da guerra, já era considerado a maior potência do mundo. Por outro lado, na mesma época, os seus principais pares econômicos estavam completamente fragilizados, devido à destruição causada pela guerra que havia acontecido no território europeu entre 1939 e 1945. 

Com isso, os Estados Unidos acabaram sendo um dos principais credores do financiamento da reconstrução européia pós-guerra, o que aconteceu em empréstimos lastreados em dólar americano. Foi dessa forma, portanto, que o dólar foi se consolidando no mercado e se tornando a principal moeda internacional.

Como funciona a cotação do dólar?

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Depois de compreender um pouco mais sobre o que é e por que o dólar é a mais importante moeda internacional, o próximo passo é entender como funciona a cotação do dólar. Afinal de contas, essa cotação será responsável por determinar, de fato, quanto essa moeda vale em relação às outras moedas, como:

  • Real brasileiro;
  • Dólar canadense;
  • Euro;
  • Libra esterlina;
  • Peso argentino;
  • Peso chileno;
  • Rial saudita;
  • Iuane chinês.

Essas são apenas algumas das moedas do mundo, sendo que atualmente são centenas dessas moedas ao redor do globo, considerando os mais diversos países e economias. Mas considerando isso, muitos investidores podem ficar na dúvida sobre como funciona a cotação do dólar na prática. 

E como qualquer outro ativo, a cotação do dólar depende da lei da oferta e da demanda do mercado. Os efeitos disso, portanto, são:

  • Aumento da demanda por dólar: apreciação do dólar;
  • Redução da demanda por dólar: depreciação do dólar.

Como pode ser observado, assim como qualquer outro produto ou serviço, o aumento da demanda pela moeda tende a aumentar o seu preço, enquanto a sua redução tende a reduzir esse mesmo preço. Além disso, esse fenômeno também pode ser observado sob a ótica da oferta, sendo que:

  • Aumento da oferta: depreciação do dólar;
  • Redução da oferta: apreciação do dólar.

Apesar de ser uma resposta muito simplória, é de fato a oferta e a demanda que determinam a cotação do dólar. No entanto, é possível ir mais a fundo para compreender o que influencia a cotação do dólar.

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O que influencia a cotação do dólar?

Como foi colocado, é a lei da oferta e da demanda que determina a cotação do dólar. Contudo, existem alguns fatores políticos e econômicos que podem influenciar diretamente nessa lei e, consequentemente, na cotação da moeda-norte americana. 

Nesse sentido, abaixo, os principais fatores que podem influenciar a cotação do dólar:

Inflação

A primeira variável que influencia a cotação do dólar é a inflação. Isso porque, quanto maior a inflação dos Estados Unidos, menos valioso é o dólar. Afinal de contas, a mesma quantia de moeda será incapaz de comprar os mesmos produtos, que terão aumentado de preço (efeito da inflação). 

Por isso, quanto maior a inflação nos EUA, mais depreciado o dólar ficará. E quanto mais depreciado ele fica, menor o seu valor em relação às outras moedas. Contudo, infelizmente, não é tão simples assim

Isso porque é preciso considerar também a inflação do país em que se faz a cotação em relação ao dólar. Por exemplo, a Argentina passou por um período de alta inflação nos meados dos anos de 2020. Com isso, o peso argentino, moeda oficial do país, depreciou-se. 

Devido a essa depreciação, ocasionada pela inflação do país, o peso argentino passou a valer menos em relação ao dólar, o que levou ao aumento da cotação do dólar. Por outro lado, caso a inflação da Argentina estivesse baixa e a inflação dos EUA alta, então o cenário seria oposto: a cotação do dólar cairia em relação ao peso argentino.

No Brasil, o aumento da inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) tende a repercutir em um aumento do dólar. Afinal, neste caso, os ativos brasileiros estão perdendo valor em relação ao USD.

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Taxa de juros

Outra variável entre as variáveis econômicas que influenciam a cotação do dólar é a taxa de juros. Isso porque a taxa básica de juros de cada país — no caso do Brasil, a Taxa Selic — é capaz de influenciar diretamente a demanda pela moeda. No caso:

  • Quanto maior a taxa de juros: maior a demanda pela moeda;
  • Quanto menor a taxa de juros: menor a demanda pela moeda. 

Esse fenômeno acontece porque, quando um país eleva sua taxa básica de juros, isso tende a incentivar diversos agentes do mercado a investir em títulos daquela economia. Ou seja, nos títulos públicos e nos títulos de crédito privado — os quais dependem da taxa básica de juros. 

E para investir nesses títulos de países com taxas de juros mais elevadas, é necessário adquirir aquela moeda, vendendo outra em contrapartida. Por exemplo, o investidor norte-americano que irá investir em um título no Brasil deve comprar Real, vendendo dólar para alguém em contrapartida.

Nota-se, portanto, que o aumento da taxa de juros faz com que haja um aumento da demanda pela moeda da economia. Analogamente, por outro lado, a redução dessa taxa faz com que haja uma redução da demanda pela moeda.

Devido a isso, pode-se afirmar que, tento todas as outras variáveis constantes, a redução da taxa de juros de um país faz com que a cotação do dólar aumente. No mesmo raciocínio, o aumento dessa taxa é capaz de reduzir a cotação da moeda americana.

No Brasil, a redução da Taxa Selic à patamares recordes em 2020 foi uma das causas para o aumento histórico do dólar, que ficou próximo dos R$6,00. Neste período, houve uma fuga de capital estrangeiro do país, devido ao cenário econômico, político, ambiental e sanitário, mas também por causa da redução sistemática da taxa básica de juros brasileira.

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Balança comercial

Outra variável que influencia a cotação do dólar é a balança comercial de cada país. Basicamente, essa balança demonstra qual foi o saldo entre importações e exportações de cada economia.

Isso significa que, ao realizar mais exportações que importações, a balança comercial fica em superávit, ou seja, positiva. Por outro lado, quando um país importa mais do que exporta, a sua balança comercial se torna deficitária. 

Isso influencia na cotação do dólar porque, ao ter uma balança superavitária, isso significa, de maneira resumida, que houve uma maior entrada de dólares no país. Afinal, as empresas estrangeiras tiveram que pagar as companhias exportadoras brasileiras. 

Por outro lado, caso a balança fique deficitária, isso significa que ocorreu uma maior saída de dólares do país. Isto porque, para pagar as empresas estrangeiras de onde importaram, as companhias importadoras brasileiras precisam pagar em dólar, enviando a moeda para fora do país. 

E, como foi colocado, a oferta e demanda são quem determinam, em conjunto, a cotação do dólar. Por isso, uma balança comercial positiva, com maior entrada de dólar no país, influencia na queda da cotação. Já uma balança comercial negativa, com maior saída de dólar do país, é capaz de influenciar no aumento da cotação da moeda.

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Outros aspectos políticos e econômicos

Além da inflação e da taxa de juros, existem outras diversas — e quase que infinitas — variáveis políticas e econômicas que influenciam na cotação do dólar. Isso porque cada uma dessas variáveis são capazes de, a todo momento, influenciar a oferta e a demanda pelas moedas. 

Não é à toa que, ao longo de um dia, a cotação do dólar se altera tantas vezes. Isso acontece porque as variáveis políticas e econômicas nacionais e internacionais vão influenciando a oferta e a demanda por dólar, o que é refletido na oscilação — positiva ou negativa — da cotação da moeda. 

Entre essas influências podem estar, por exemplo, os swaps cambiais do Banco Central. Basicamente, esses swaps cambiais tentam influenciar na queda da moeda por meio do aumento da sua oferta no mercado.

Abaixo, um exemplo da oscilação da cotação do dólar americano em relação ao real em um dia:

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Tipos de dólar

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Ao pesquisar um pouco mais sobre a moeda norte-americana, a maior parte das pessoas percebe que existem diversos tipos de dólar. Isso porque cada uma delas representa uma diferente cotação da moeda norte-americana. 

Abaixo, um pouco mais sobre cada um dos tipos de dólar do mercado:

Dólar Comercial

O primeiro, e também mais importante, tipo de dólar é o dólar comercial. Não é à toa que, ao acessar a cotação oficial da moeda em sites ou ao verificá-la em veículos de imprensa, é o dólar comercial aquele demonstrado. 

Basicamente, é essa modalidade de dólar que é utilizada por empresas na hora de importar e de exportar mercadorias. Por isso, a maior parte e o maior volume das operações lastreadas em dólar são realizadas com base em sua cotação comercial. 

Esta cotação, por sua vez, é determinada pelo mercado com base na lei da oferta e da demanda. Afinal de contas, o regime de cotação dessa moeda, no Brasil, é de câmbio flutuante, o qual permite, como o próprio nome sugere, que o preço da moeda flutue ao longo do tempo de acordo com a demanda do mercado.

Dólar Turismo

Outro tipo muito conhecido da moeda dos Estados Unidos é o dólar turismo. Sendo o mais popular entre os tipos de dólar, a modalidade de turismo é aquela utilizada pelas casas de câmbio na hora de vender a moeda para viajantes. 

Além disso, é o tipo de dólar utilizada na conversão de compras internacionais cotadas na moeda norte-americanas, como de passagens aéreas. Destaca-se, também, que a sua cotação é sempre superior em relação ao dólar turismo. 

Isso porque entre os custos do dólar turismo está o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). No caso da compra da moeda em espécie, esse imposto é de 1,1%, enquanto em cartão pré-pago esse tributo é de 6,38%. 

Dólar Paralelo

O dólar paralelo pode ser considerado um tipo de dólar ilícito, negociado em uma espécie de mercado-negro. Isso porque a sua negociação ocorre sem a autorização do Banco Central do Brasil (Bacen)

Em outras palavras, aqueles que compram e vendem o dólar paralelo estão fazendo isso de maneira extraoficial, sem que a operação seja autorizada e regulamentada pelo Bacen. Com isso, a cotação do dólar paralelo não é possível de ser consultada, porque depende do preço que está sendo negociado por aqueles que operam nesse mercado ilícito.

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Dólar à vista

O dólar à vista, por sua vez, é um tipo de dólar pouco conhecido pela maior parte das pessoas. E isto não é à toa, afinal, esse tipo de dólar é normalmente utilizado apenas por grandes agentes de mercado que estão realizado determinados negócios. 

Por exemplo, no caso de uma empresa importadora ou exportadora de mercadorias cotadas nessa moeda. Essas companhias negociam com seus clientes ou fornecedores a cotação do dólar da comprar ou da venda e registram essa operação na bolsa, normalmente no mercado balcão. Nesse caso, o registro e a efetivação da operação é realizado em dólar à vista.

Dólar futuro

Por fim, o dólar futuro, como seu próprio nome diz, é a cotação do seu preço no futuro. Pode parecer impossível, mas este é basicamente um mercado secundário em que os agentes de mercado negociam valores para o dólar no futuro, com base em suas expectativas. 

Assim, caso haja uma expectativa de alta do dólar no futuro, a cotação da moeda no mercado futuro estará maior do que no dólar comercial. Por outro lado, caso haja uma percepção de queda da moeda no futuro, então a situação será inversa.

Na maior parte das vezes, os investidores procuram a negociação do dólar futuro como uma estratégia especulativa, tentando ganhar dinheiro com variações na cotação. No entanto, esse ativo também pode ser utilizado como instrumento de proteção (hedge) por empresas importadoras e exportadoras.

Como investir em dólar?

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Após compreender a relevância do dólar em âmbito internacional e da sua tendência contrária em relação aos ativos brasileiros, muitos investidores podem se interessar em saber um pouco mais sobre como investir em dólar

Isso não é à toa, afinal, possuir investimentos lastreados na moeda norte-americana pode servir como um importante hedge financeiro para aqueles que desejam se proteger de crise no Brasil. Por isso, abaixo, um pouco mais sobre algumas das possibilidades de como investir em dólar:

Compra de papel-moeda

A primeira, mais simples e básica forma de se investir em dólar é a compra de papel-moeda, ou seja, comprar determinado valor de dólar em espécie. E para comprar a moeda dessa forma, o investidor deve se dirigir a uma casa de câmbio a qual detém a competência de poder vender a moeda em espécie diretamente ao cliente.

No entanto, é preciso ressaltar que essa forma de investimento na moeda americana, apesar de ser uma forma bastante simples e prática, pode ser pouco vantajosa para quem está querendo investir,visto que, assim como qualquer outra moeda, o dólar tende a se desvalorizar ao longo do tempo por causa da inflação.

Abaixo, é possível verificar a queda do poder de compra e a depreciação do dólar ao longo do tempo:

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Como pode ser observado, 1 dólar americano possuía, em 2005, o poder de comprar de menos de 10 centavos. Isso aconteceu devido ao poder da inflação do período, a qual depreciou o valor da moeda dos Estados Unidos. 

Por causa desse efeito inevitável da inflação em qualquer moeda, não aconselha-se que o investidor de longo prazo mantenha grandes quantias de capital em papel-moeda. E além da inflação, existe ainda o argumento contrário a esse tipo de investimento que se relaciona aos seus custos. 

Isso porque geralmente, ao se comprar moeda na casa de câmbio, o investidor acaba tendo de pagar taxas elevadas. Entre essas taxas está o IOF (Impostos sobre Operações Financeiras) e também um spread financeiro da casa de câmbio. 

Esses aspectos, em conjunto, fazem com que investir em papel-moeda em dólar ou em qualquer outra moeda não seja algo tão interessante. Afinal, por mais que possam existir ganhos de curto prazo, no longo prazo o retorno desse investimento tende a ser negativo.

Ações de empresa americanas

Uma excelente forma de investir em dólar é comprando ações de empresas americanas diretamente ou por meio da bolsa brasileira, pelos BDRs (Brazilian Depositary Receipts). Assim, o investidor está adquirindo ativos e operações reais lastreadas nessa moeda. 

Com isso, não só o investimento estará sendo realizado com lastro em dólar, mas também será feito pela participação nas maiores empresas de capital aberto do mundo. Isto é, aquelas negociadas na Bolsa de Nova York (NYSE) e na Bolsa de NASDAQ.

Além disso, dessa forma o investidor se protege da inflação. Afinal, são as próprias empresas que geram esse fenômeno econômico, por meio do aumento dos preços dos produtos ou serviços. 

Assim, mesmo com a inflação, as companhias conseguem crescer receita e lucro, aumentando os seus preços. Ademais, esse investimento diretamente em empresas do EUA pode permitir que o investidor brasileiro seja sócio de algumas das maiores companhias do mundo, como:

  • Apple;
  • Microsoft;
  • Berkshire Hathaway
  • Coca Cola Company;
  • The Walt Disney Company.

Ressalta-se, ainda, que a economia americana historicamente cresceu a um ritmo mais sustentável e mais estável que a economia brasileira. Então, por ser uma economia muito mais desenvolvida, o seu mercado acionário acaba possuindo uma menor volatilidade e sendo menos vulnerável às crises financeiras.

Abaixo, o retorno histórico do investimento em ações dos EUA, representado pelo desempenho do índice acionário S&P 500 (Standard & Poor’s 500):

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Observa-se que o retorno real médio ao ano das ações norte-americanas foi de 6,7% desde 1900 até 2000. Avaliando empresas isoladamente, o resultado pode ser ainda muito maior, como no caso da Apple.

Abaixo, o resultado das ações da Apple em relação ao índice Bovespa entre 2015 e 2020:

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Ações de empresas com receita em dólar

Outra maneira interessante de investir lastreado em dólar é através da aquisição de ações de empresas com receita em dólar, as quais podem se beneficiar do aumento da sua cotação. Isso porque, quando a moeda americana se valoriza, essas empresas passam a ter um faturamento maior. 

Com um faturamento mais elevado, as margens dessas empresas costumam se elevar, fazendo com que a empresa cresça seus lucros e seus resultados operacionais. Como reflexo desse cenário, as ações de empresas com receita em dólar costumam ter um desempenho bastante positivo em períodos de crise, quando o dólar tende a subir. 

Dessa maneira, enquanto a maior parte das ações de empresas brasileiras sofre por uma eventual crise, as ações de empresas com receita em dólar podem se beneficiar desse cenário adverso, entregando uma rentabilidade elevada devido ao aumento das receitas com base em uma cotação de dólar mais elevada. 

Abaixo, verifica-se o desempenho das ações da Embraer (EMBR3), empresa que fabrica e exporta aeronaves e que possui grande parte de suas receitas atreladas ao dólar:

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Nota-se que há uma tendência contrária entre as ações da Embraer e o desempenho do Ibovespa. Em períodos de crise, como entre 2013 e 2016, as ações da empresa se valorizaram bastante, enquanto o IBOV sofreu muito. 

Nesse mesmo período, notou-se um aumento expressivo na cotação do dólar, o que favoreceu e impulsionou o resultado da fabricante de aeronaves — impactando positivamente o preço de suas ações. 

Por outro lado, entre 2016 e 2018 a moeda americana chegou a se desvalorizar 20%, o que influenciou na queda da cotação da EMBR3. Neste período, foi possível observar uma valorização do Ibovespa, reiterando o comportamento inverso desses ativos.

Entre outras empresas com receita em dólar estão:

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Títulos do Tesouro Americano

Mais uma forma, dessa vez um pouco mais rara, de investir em dólar é adquirindo títulos do Tesouro Americano. No entanto, destaca-se, de uma vez, que apenas cidadãos dos Estados Unidos podem comprar e investir nesses títulos.

Por outro lado, uma alternativa para isso é investir ETFs (Exchange Traded Funds) diretamente dos EUA que, por sua vez, investem nesses títulos. Em outras palavras, o investidor estará investindo em um fundo de investimento que adquire esses ativos do Tesouro dos Estados Unidos. 

Dessa forma, conforme os títulos do ETF se valorizam, as cotas do fundo também apreciam no mercado, remunerando os cotistas. Abaixo, alguns dos ETFs que investem em títulos do Tesouro Americano nos EUA:

  • SHV (iShares Short Treasury Bond ETF);
  • GOVT (iShares U.S. Treasury Bond ETF).

Fundos expostos ao dólar

Investir em fundos expostos ao dólar também pode ser outra alternativa para aqueles que desejam ter capital atrelado a essa moeda. Além disso, essa é também uma forma bastante simples e acessível, já que esses fundos estão disponíveis em praticamente todos os grandes bancos e corretoras de valores. 

De maneira resumida, esses fundos cambiais investem a maior parte de seus recursos em títulos de moedas estrangeiras, como o dólar ou o euro. Além disso, eles também estruturam operações com derivativos financeiros que reduzem a volatilidade (oscilação) do preço da cota do fundo.

Mas apesar da indexação ao dólar e da menor volatilidade vale lembrar que esses fundos normalmente possuem taxas de administração e taxa de performance elevadas. Obviamente, esses encargos tendem a comprometer a rentabilidade do investidor, fazendo com que esse investimento seja menos interessante que outras alternativas anteriormente elencadas.

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ETFs de índices americanos

Destaca-se que investir em ETFs de índices americanos pode ser uma das melhores formas de investir em dólar. Afinal, o investidor estará aplicando seu dinheiro em companhias dos Estados Unidos, em dólar, mas sem precisar fazer stock picking (escolha de ações). 

Isso porque os ETFs funcionam como grandes fundos passivos de investimento. Em outras palavras, eles possuem metodologias pré-definidas que definem em quais empresas e em qual proporção o fundo deve investir, como:

  • Investir nas empresas do índice S&P 500;
  • Aplicar nas companhias no índice Dow Jones

Por causa dessas metodologias e pelos ETFs funcionarem como fundos, o investidor que comprar 1 cota de um fundo passivo está adquirindo, na verdade, uma pequena participação em dezenas, centenas e, às vezes, até milhares de companhias de uma só vez, não tendo que se preocupar com a escolha e acompanhamento das empresas que investiria individualmente.

No Brasil, no investidor pode aplicar nos seguintes ETFs de índices americanos por meio da bolsa brasileira, a B3 (Brasil, Bolsa, Balcão):

  • SPXI11 (IT Now S&P500 TRN Fundo de Índice);
  • IVVB11 (iShares S&P500 FIC de Fundo de Índice IE).

Mercado Forex

O Mercado Forex é outra possibilidade de possuir capital atrelado a moedas de todo o globo, incluindo, é claro, o dólar. Basicamente, as operações desse mercado, que é a abreviação para Foreign Exchange Market, são baseadas na comprar e venda, simultaneamente, de duas moedas. 

No entanto, destaca-se que as operações desse mercado são complexas, possuem alta volatilidade e são consideradas especulativas. E por causa desse caráter especulativo e volátil, muitos investidores iniciantes são influenciados a entre no mercado forex para conseguir ganhar dinheiro rápida e facilmente. 

No entanto, é sabido que esse tipo de operação especulativa, ao longo do tempo, não traz bons retornos financeiros. Não é à toa que nenhum dos grandes investidores brasileiros e estrangeiros conquistou patrimônio com base em operações forex.

Contratos de dólar futuro

Outro tipo de aplicação especulativa em que a moeda norte-americana é utilizada são nos contratos de dólar futuro. Muito utilizados por aqueles que praticam o day trade, esses ativos são cotados com base na expectativa do mercado, como o próprio nome diz, em relação à cotação do dólar no futuro. 

Assim, há uma cotação paralela do dólar com base nessa expectativa do seu preço em datas futuras. E assim como no mercado forex, esse tipo de aplicação é especulativa e tende a gerar prejuízo para a maior parte dos traders.

Por que investir em dólar é uma boa medida?

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Depois de compreender mais sobre o que é, sobre como funciona, e ainda a respeito de quais são as opções de investimento lastreadas em dólar, muitos podem se perguntar: mas por que investir em dólar é uma boa medida?

Nesse sentido, abaixo, os principais motivos pelos quais todo investidor deve considerar o investimento em dólar:

Proteção cambial

A primeira, e já mencionada, vantagem de investir em dólar é a proteção cambial que esse investimento pode proporcionar. Isso porque aqueles que investem apenas em ativos lastreados ao Real brasileiro dependem exclusivamente da cotação da moeda corrente nacional do Brasil em relação às outras moedas internacionais. 

Por isso, uma eventual crise no país ou um aumento repentino na inflação pode fazer com que o patrimônio do investidor sem ativos dolarizados se desvalorize internacionalmente. Assim, a compra de produtos estrangeiros ou de viagens internacionais, por exemplo, pode se tornar mais cara. 

Por outro lado, aqueles que investem em ativos dolarizados possuem essa proteção cambial. Afinal de contas, na hipótese do real se depreciar frente às outras moedas, esse investidor terá parte do seu patrimônio lastreado em dólar protegido.

Diversificação geográfica

Outro ponto importante de possuir investimentos em dólar é a diversificação geográfica que isso pode proporcionar. Isso porque, obviamente, ao possuir apenas investimentos em Real, o investidor está praticamente dependente apenas da performance da economia brasileira.

Ou seja, caso o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil não cresça e caso o país seja mal administrado politicamente, então provavelmente os investimentos por aqui não terão tanto sucesso assim. Então, para reduzir esse risco, uma alternativa é a diversificação geográfica. 

Basicamente, essa diversificação é alcançada quando o investidor passa a ter ativos atrelados à outras economias, como os Estados Unidos. Assim, ao investir em empresas americanas, em dólar, o investidor passa a não depender mais tanto da performance do Brasil, mas também em parte dos EUA. 

Com isso, há uma diversificação dos investimentos no âmbito geográfico, sendo que a principal vantagem disto é, sem dúvida, a redução do risco da carteira de investimentos. Por fim, destaca-se que a maior parte dos educadores financeiros tendem a aconselhar que os investidores tenham de 20% a 30% dos seus ativos atrelados ao dólar.

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Redução da volatilidade

A redução da volatilidade de uma carteira de investimentos é outro benefício de investir em dólar. Isso porque, como foi colocado, observa-se, historicamente, uma tendência contrária entre a cotação dessa moeda e a performance dos ativos brasileiros negociados em bolsa. 

Abaixo, é possível conferir o gráfico do dólar versus o Ibovespa ao longo de 10 anos:

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Como pode ser observado, apesar de ambos os ativos terem se valorizado no período, existem momentos em que há uma clara tendência contrária entre eles. Ou seja, em períodos de queda forte do IBOV, o dólar tende a se apreciar. Da mesma maneira, quando a bolsa sobre com intensidade, a cotação da moeda tende a cair. 

Por isso, ter uma parte do patrimônio em dólar pode ajudar o investidor a reduzir a volatilidade do seu portfólio. Afinal de contas, caso suas ações ou Fundos de Investimentos Imobiliários (FIIs) caiam na bolsa, há a chance dessa queda ser compensada pela apreciação dos investimentos cotados em dólar.

Maior número de alternativas de investimentos

Por fim, outra importante vantagem de investir em dólar é usufruir do maior número de alternativas de investimentos que essa moeda pode proporcionar. Afinal de contas, enquanto no Brasil existem apenas cerca de 300 empresas de capital aberto, os EUA possuem mais de 5 mil dessas empresas negociadas na bolsa. 

Assim, o investidor é capaz de ter acesso a diversos investimentos que não poderia investir do Brasil. Por exemplo, também os ETFs pagadores de dividendos, os quais não existem na B3, mas que são muito comuns no universo de investimentos dos Estados Unidos. 

E então, conseguiu entender mais sobre o dólar e sobre as alternativas de investimentos nessa moeda? Deixe abaixo suas dúvidas e comentários sobre esse assunto. 

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Perguntas frequentes sobre dólar
O que pode fazer o dólar cair?

O que pode fazer o dólar cair podem ser vários fenômenos econômicos e políticos. Nesse sentido, entre os eventos que podem contribuir com a queda dessa moeda estão: o aumento da taxa de juros, a redução da inflação e o superávit da balança comercial.

Qual motivo da alta do dólar hoje?

O motivo da alta do dólar hoje é uma maior oferta da moeda em relação à sua demanda. Esse movimento pode ser explicado pelo conjunto de diversos aspectos políticos e econômicos que influenciam na oferta e na demanda pela moeda.

Porque o aumento do dólar é ruim?

O aumento do dólar é ruim porque ele influencia no aumento da inflação no Brasil. Isso porque grande parte da matéria-prima e dos produtos negociados na economia são cotados na moeda norte-americana, fazendo com que o seu aumento cause, também, uma elevação nos preços e, consequentemente, na inflação.

O que aumenta com a alta do dólar?

O que aumenta com a alta do dólar são os produtos e serviços que dependem de insumos cotados na moeda norte-americana. Por exemplo, o preço da maior parte dos alimentos e dos materiais utilizados na construção civil.

Quem ganha e quem perde com a alta do dólar?

Quem ganha e quem perde com a alta do dólar são, respectivamente, os exportadores e os importadores. No caso, os exportadores ganham com o aumento da receita em reais, convertida do dólar mais alto. Por outro lado, os importadores perdem, porque o custo dos produtos importados é calculado com base em uma cotação mais elevada da moeda.

Bibliografia para dólar

https://www.bcb.gov.br/pec/wps/port/TD489.pdf

http://tcc.bu.ufsc.br/Adm294478.PDF

http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/6289/1/TdM_v1_n1_Ascens%C3%A3o.pdf

https://www.anpec.org.br/encontro/2015/submissao/files_I/i7-db657db014e3a564f5a9573d3bd37137.pdf

https://files.stlouisfed.org/files/htdocs/publications/review/91/09/Currency_Sep_Oct1991.pdf

https://www.e-jei.org/upload/JEI_31_1_41_64_2013600090.pdf

ACESSO RÁPIDO
    Tiago Reis
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    2 comentários

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    • Rafael Amorim 6 de junho de 2019
      A compra de IVVB11 em momentos máxima do ibovespa e desvalorização também é uma opção para reservar de oportunidades ?Responder
      • Suno Research 30 de julho de 2019
        Para reserva de oportunidade eu não diria, visto que você se mantém exposto à flutuação típica de renda variável, de modo que não é garantia que quando um bom momento para comprar ações brasileiras chegue você estará numa boa posição para vender o ETF. Dito isso, é uma forma de reduzir a sua exposição a eventuais quedas particulares do país. Abraços.Responder