Deflação: o que é e quais as suas consequências para a economia?

A deflação é um fenômeno econômico no qual o custo dos produtos vai diminuindo pouco a pouco, ocorrendo uma valorização do dinheiro.

A primeira impressão que ocorre com a deflação é de que isso tornaria possível investir mais dinheiro em ações, mas é preciso entender em detalhes a consequência desse processo.

O que é Deflação?

Economicamente, deflação significa o aumento no valor do dinheiro, causado principalmente por uma demanda agregada menor do que a oferta potencial. Dessa forma, os produtos tendem a custar menos do que anteriormente.

Num primeiro momento, pode parecer ótimo que os preços das prateleiras do mercado estejam mais baixos a cada compra.

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No entanto, isso não é tão bom na prática. Se persistir por mais do que alguns meses, a deflação pode levar à recessão econômica, e as consequências podem ser piores para a economia do que a própria inflação.

Portanto, como o dinheiro passa a valer mais mês após mês, a tendência é que os investimentos se reduzam, já que ele não precisa ser empregado para trazer retorno aos investidores.

Sendo assim, om menos investimentos, a demanda também diminui e, por consequência, ocorre uma queda nos preços.

O que causa a Deflação?

A causa principal para a ocorrência da deflação é o aumento da oferta de bens e serviços e a falta de uma demanda equivalente.

Ou seja: existe muito mais oferta para a venda de um determinado produto do que a demanda para compra-lo.

Dessa forma, caso ocorra um excesso na produção de computadores, por exemplo, a oferta desse produto aumentará, mas não haverá gente o suficiente para compra-lo.

Sendo assim, o fabricante se verá obrigado a reduzir o preço para conseguir acabar com seus estoques. Esse processo, só que ocorrendo de forma generalizada, é o que dá início à deflação.

Essa diminuição no preço pode parecer positiva em um primeiro momento. No entanto, quando ela persiste por muito tempo, pode atrapalhar os negócios, causando desemprego em massa, o que pode prejudicar gravemente a economia de um país.

Igualmente, a diminuição da quantidade de moeda em circulação na economia também pode ser um fator que gera deflação, pois há uma diminuição natural no consumo dessa forma.

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Como a deflação é calculada?

A deflação é calculada por meio do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que é responsável por medir a variação dos preços de uma cesta de produtos e serviços consumidos pelas famílias brasileiras. O IPC é calculado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e considera os preços de mais de 400 itens, distribuídos em oito grupos: alimentação e bebidas, artigos de residência, comunicação, despesas pessoais, educação, habitação, saúde e cuidados pessoais, transportes.

Para calcular a deflação, é feita uma comparação entre os preços de um determinado período com os preços de um período anterior, normalmente um mês ou um ano. Se a variação do IPC entre esses dois períodos for negativa, ou seja, se os preços estiverem em queda, ocorre a deflação. Em geral, a deflação é considerada um fenômeno raro na economia, uma vez que a tendência dos preços é de aumentar ao longo do tempo, acompanhando o crescimento econômico e o aumento da demanda por bens e serviços.

Consequências e riscos da Deflação

Quando se transforma em um ciclo vicioso, a deflação vira um problema estrutural. É possível observar uma série de efeitos da deflação:

  • Recessão;
  • Desemprego;
  • Quebra de empresas que não conseguem vender seus produtos;
  • Aumento da informalidade;
  • Aumento do juro real;
  • Queda na arrecadação pública.

A deflação aumenta o chamado “juro real”, que é a diferença entre a inflação e a taxa de juros.

Com um juro real alto, as famílias usam mais de sua renda para pagar juros, o que reduz a liquidez e deixa menos para o consumo e investimentos.

Sendo assim, por causa de todos esses fatores, é criado um ciclo muito difícil de ser quebrado sem uma intervenção do governo.

Com a finalidade de padronizar a medição desses eventos, economistas costumam classificar como deflação uma queda nos preços de forma generalizada – em bens e serviços – pelo período mínimo de um ano.

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A deflação pode levar à recessão?

a deflação pode levar à recessão econômica, pois ela pode desestimular o consumo e os investimentos, já que os consumidores e as empresas tendem a adiar as compras na expectativa de que os preços caiam ainda mais no futuro. Com isso, a demanda por bens e serviços diminui, o que pode levar as empresas a reduzir a produção e os investimentos, gerando uma queda na atividade econômica.

Além disso, a deflação pode gerar um aumento no endividamento das empresas e das famílias, já que o valor nominal das dívidas não se ajusta à queda dos preços. Com isso, o peso das dívidas se torna maior em relação à renda e aos ativos, o que pode gerar inadimplência e prejuízos financeiros.

Por outro lado, é importante lembrar que a deflação pode ser benéfica em alguns casos, como quando ela está associada a uma queda nos preços de bens e serviços que foram previamente inflacionados, permitindo que mais pessoas tenham acesso a esses produtos. No entanto, é preciso avaliar caso a caso e buscar medidas para evitar que a deflação se torne um problema econômico de maior proporção.

Como conter a deflação?

A deflação pode ser um desafio para as autoridades econômicas, pois ela pode desestimular o consumo e os investimentos, reduzindo a atividade econômica e gerando problemas financeiros para empresas e famílias. Para conter a deflação, é possível adotar algumas medidas, tais como:

  1. Política monetária: uma das principais ferramentas utilizadas para conter a deflação é a política monetária, que consiste na adoção de medidas para controlar a oferta de moeda e a taxa de juros. O Banco Central, por exemplo, pode reduzir a taxa básica de juros para estimular a demanda por crédito e incentivar os investimentos e o consumo.
  2. Estímulo fiscal: outra medida que pode ser adotada para conter a deflação é o estímulo fiscal, que consiste na adoção de políticas públicas para incentivar o consumo e os investimentos, como a redução de impostos e o aumento dos gastos públicos.
  3. Incentivo ao crédito: outra forma de estimular a demanda é por meio de incentivos ao crédito, como a redução das taxas de juros para empréstimos e financiamentos.
  4. Estímulo à produção: para evitar a queda na atividade econômica, é importante estimular a produção e a oferta de bens e serviços. Para isso, podem ser adotadas medidas para incentivar o investimento em infraestrutura, o aumento da produtividade e a redução dos custos de produção.
  5. Política cambial: por fim, a política cambial também pode ser utilizada para conter a deflação, por meio do ajuste da taxa de câmbio e da adoção de medidas para aumentar as exportações e reduzir as importações.

Qual a relação de Deflação e IPCA?

No Brasil, a deflação é medida por um índice como Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado todos os meses pelo IBGE.

O IBGE calcula a variação em diversos itens que fazem parte do consumo de famílias que ganham de um até 40 salários mínimos, independente da fonte de renda. O órgão faz uma amostragem nas principais capitais do país.

Dessa forma, é possível entender não só o processo deflacionário, como os processos de inflação e desinflação.

Sendo assim, o IPCA é fundamental para todo investidor, especialmente aqueles que investem em títulos públicos de longo prazo.

Em suma, a rentabilidade desses títulos está atrelada ao IPCA. Existem opções com rentabilidade de IPCA + 3%, por exemplo. Esses investimentos são conhecidos como Tesouro IPCA.

Assim como títulos de longo prazo, títulos públicos de curto prazo e títulos privados, que possuem outros índices de referência (Selic e CDI, respectivamente) são influenciados pelo IPCA.

Da mesma forma, fundos de investimentos também podem usar o IPCA como referência para sua rentabilidade, ainda que estes prefiram comparar seus rendimentos com o Ibovespa ou o CDI, a depender do tipo de fundo.

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Diferença de deflação, inflação ou desinflação?

Esses três fenômenos econômicos têm nomes parecidos, mas tratam-se de acontecimentos diferentes:

1. Deflação

Como já foi explicado, a deflação é o aumento do valor do dinheiro causado por uma diminuição na demanda de bens e serviços.

2. Inflação

Entretanto, a inflação é o processo contrário da deflação: é a perda do valor do dinheiro, causado por um excesso na demanda de bens e serviços.

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3. Desinflação

Por fim, a desinflação ocorre quando a inflação consegue ser abaixada, mas continua ainda acima de 0%.

Como acabar com a Deflação?

A resposta parece simples em um primeiro momento: gerar inflação. Na prática, no entanto, não é tão fácil assim.

De fato, tudo depende da estrutura econômica do país. O primeiro passo, na maioria dos casos, seria aumentar a liquidez da moeda e uma das medidas seria imprimir mais dinheiro.

No entanto, nem sempre inundar o mercado com nova moeda acaba com o problema. Muitas vezes, a inflação gerada dura apenas alguns meses, o que exige outras medidas.

Um dos principais exemplos de deflação é o do Japão, que enfrenta um problema crônico de deflação. Com intenção de estimular o consumo, o Banco Central do Japão (BoJ) estabeleceu uma taxa de juros negativa de 0,1%.

Ou seja, as pessoas perdiam dinheiro ao deixá-lo parado. Títulos da dívida pública de longo prazo – 10 anos – são remunerados (ou não são) a 0%.

Por outro lado, o governo japonês compra de mais de 700 bilhões de dólares – 80 trilhões de ienes – por ano.

Tudo para aumentar a circulação da moeda. Sem dúvida, todos os esforços são feitos para atingir uma meta de inflação de 2% ao ano.

A maioria dos economistas diz que um cenário de hiperinflação é mais fácil de enfrentar do que um processo deflacionário.

Em resumo, isso porque existem mecanismos econômicos que funcionam melhor contra a esse primeiro cenário, como a correção monetária.

Sendo assim, o Brasil fez uso desse processo até 1994, período em que os produtos ficavam cada dia mais caros nas prateleiras.

Quando houve deflação no Brasil?

Ao longo da história econômica do Brasil, houve poucos períodos de deflação. Um dos mais recentes ocorreu entre 2015 e 2017, quando o país enfrentou uma crise econômica que resultou em uma queda na demanda por bens e serviços e em uma redução dos preços.

Entre os fatores que contribuíram para a deflação nesse período estão a crise política, a queda no preço das commodities (produtos básicos como petróleo e minério de ferro) e a recessão econômica. Além disso, o governo adotou medidas para controlar a inflação, como a elevação da taxa básica de juros e o ajuste fiscal, o que acabou reduzindo ainda mais a demanda.

Outro período em que ocorreu deflação no Brasil foi durante a década de 1930, em decorrência da Grande Depressão, que atingiu diversos países ao redor do mundo. Nesse período, a deflação foi provocada pela queda na produção e na demanda, o que gerou um excesso de oferta de bens e serviços e uma redução dos preços.

Em geral, a deflação é considerada um fenômeno raro na economia brasileira, uma vez que o país enfrenta historicamente um quadro de inflação elevada. No entanto, é importante estar atento aos fatores que podem gerar a deflação e buscar medidas para evitar que ela se torne um problema econômico de maior proporção.

Exemplos de deflação na história

A deflação é um fenômeno econômico que ocorre com menor frequência do que a inflação, mas que já teve diversos exemplos ao longo da história. Alguns dos mais conhecidos são:

  1. Grande Depressão: na década de 1930, diversos países ao redor do mundo enfrentaram uma grave crise econômica que resultou em uma deflação generalizada. Na época, a queda na produção e na demanda gerou um excesso de oferta de bens e serviços, o que acabou reduzindo os preços.
  2. Japão: durante a década de 1990, o Japão enfrentou um período de deflação que durou mais de uma década. Esse período foi marcado pela queda nos preços dos imóveis e pela falta de investimentos, o que gerou uma redução na atividade econômica.
  3. Crise financeira de 2008: após a crise financeira de 2008, diversos países enfrentaram uma queda na demanda por bens e serviços e uma redução dos preços. Isso ocorreu porque a crise gerou uma instabilidade financeira e uma redução nos investimentos e na produção.
  4. Brasil: entre 2015 e 2017, o Brasil enfrentou um período de deflação em decorrência da crise econômica que o país enfrentou. Nesse período, a queda na demanda por bens e serviços e a redução dos preços foram acentuadas.

É importante lembrar que a deflação pode ter efeitos negativos na economia, pois pode desestimular o consumo e os investimentos, gerando uma redução na atividade econômica. Por isso, é importante adotar medidas para evitar que a deflação se torne um problema de maior proporção.

Ainda restou alguma dúvida a respeito do processo de deflação? Faça um comentário abaixo!

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Perguntas frequentes sobre deflação
Qual é o pior, deflação ou inflação?

Tanto a deflação quanto a inflação podem trazer impactos negativos para a economia e para a população em geral. No entanto, a inflação pode ser considerada mais prejudicial do que a deflação, pois pode gerar uma perda do poder de compra da moeda e levar à desvalorização do dinheiro. Já a deflação pode desestimular o consumo e os investimentos, reduzindo a atividade econômica e gerando problemas financeiros para empresas e famílias.

Qual é a diferença entre deflação e inflação?

Deflação e inflação são fenômenos econômicos opostos, mas que têm um impacto significativo na economia. Enquanto a inflação é caracterizada pelo aumento geral dos preços dos bens e serviços em uma economia, a deflação é caracterizada pela queda geral dos preços. Na inflação, o poder de compra da moeda é reduzido, enquanto na deflação, o poder de compra da moeda é aumentado. Ambos os fenômenos podem ser influenciados por diversos fatores, como a oferta e a demanda, a política monetária e fiscal, e a situação econômica geral do país.

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    Tiago Reis
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    4 comentários

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    • Rafael Nanes 25 de junho de 2021
      Excelente conteúdo, sanou minhas dúvidas. ObrigadoResponder
      • Suno Research 29 de junho de 2021
        Olá, Rafael Tudo certo? Muito obrigado! Ficamos felizes em ajudar. Atenciosamente, Equipe Suno.Responder
    • Olegário 25 de novembro de 2022
      Tenho trabalhado de pesquisa tipo científico sobre o que é deflação, introdução, desenvolvimento e conclusãoResponder
    • Manuel Gomes 11 de fevereiro de 2024
      Exmos senhores: O assunto dinheiro e valor é bem descritivo, aprendi, obrigado; ManuelResponder